07/02/13 | Veruska Almeida - Assessoria de Imprensa - SAP

Até que a morte nos separe

Estado de São Paulo realiza primeiro casamento gay em unidade prisional

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Unidade Prisional realiza primeiro casamento gay

Foi com os olhos marejados que Marcela Almeida, 29 anos, e Kelly Gislaine Ferreira, 33 anos, seguiram ao altar para realizar um grande sonho. A união estável ocorreu no último dia 01/02, no pátio de recreação da Penitenciária Feminina I “Santa Maria Eufrásia Pelletier” de Tremembé, e contou com a participação aproximada de 60 reeducandas, além de funcionários e familiares das noivas.

O relacionamento teve início no Natal de 2009, mas apenas agora a legislação permitiu que elas pudessem se unir usufruindo de todos os diretos legais que um casamento convencional oferece. A norma que regulamenta o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, foi publicada em 18/12/2012. O casamento e união estável foram inseridos nas previsões das Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo.

A partir dessa data os casais homossexuais que quisessem oficializar a união não precisariam mais recorrer à Justiça. A união poderá ser oficializada através dos cartórios do Estado de São Paulo.

As detentas que estão juntas há mais de dois anos, já dividiam a mesma cela, mas foi em 2011 que começaram a luta para conseguirem a regularização da união. Elas procuraram a direção da unidade, que pediu autorização à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), através da Coordenadoria da Região do Vale e Litoral, que permitiu o evento.

Muitos servidores colaboraram com a realização da festa; além dos vestidos, cabelo e maquiagem, foi tudo organizado como manda a tradição: enfeites, bolo, salgados e buquê. As presas também ajudaram com os gastos, elas trabalham como costureiras recebendo um salário mínimo cada e remição de pena.

Kelly, que pode sair o ano que vem da prisão, diz que nunca deixará de visitar Marcela, que deve cumprir pena até 2024. “Eu sempre virei vê-la, quando sairmos daqui, construiremos nossa vida como qualquer casal”, relatou.

José Maurício Almeida, pai de Marcela, destacou o apoio da família nesse momento. “Muitos familiares vieram. A emoção é a mesma que a de um casamento hetero. O mais importante é que elas estão felizes”, disse.

Mas foi Marcela quem melhor descreveu o significado da cerimônia: “É o primeiro casamento homossexual dentro de uma unidade prisional no estado, a sensação é de dever cumprido, de sonho realizado. Nós quebramos barreiras, mostramos a outros casais seus direitos, nos tornamos um referencial para muitas pessoas”, explicou.

Segundo a diretora da unidade, Eliana Maria de Freitas Pereira, muitos outros casais já entraram na fila de espera. “Além de auxiliá-las na realização de um sonho, trabalhamos também com suas reinserções à sociedade”, completou.