13/12/12 | Jorege de Souza - Assessoria de Imprensa - SAP

6ª Feira Cultural reúne reeducandos, servidores e autoridades na penitenciária de Guarulhos

Durante cinco dias houve palestras, apresentações de música, dança, teatro e sessões de cinema

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Grupo teatral formado por reeducandos, antes da apresentação na 6ª Feira Cultural na Penitenciária "José Parada Neto" de Guarulhos

A sexta edição da Feira de Artes e Cultura da Penitenciária "José Parada Neto" de Guarulhos reuniu em um mesmo ambiente, funcionários e diretores da unidade prisional, advogados e, principalmente, os reeducandos que fizeram várias apresentações de dança, teatro, música e artes plásticas. O secretário da Administração Penitenciária, Lourival Gomes também prestigiou a cerimônia de abertura. Conhecida como Feira Cultural o objetivo, segundo os diretores, é contribuir para a ressocialização dos internos na unidade, abrindo novas perspectivas nos campos da educação, trabalho e cultura.

O tema escolhido este ano “Diga não ao preconceito” foi uma espécie de grito de guerra, um alerta a quem discrimina indivíduos ou povos de outras etnias, credos ou são portadores de necessidades especiais. Presos e servidores voltaram à atenção para um problema ainda latente na sociedade: a intolerância. Para representar a indignação com a falta de respeito e atenção de muitos, com pessoas geralmente tratadas como “diferentes”, os reeducandos se envolveram em uma verdadeira maratona de atividades culturais e artísticas, todas voltadas para promover a igualdade. “As atividades realizadas são de suma importância neste processo e a participação do corpo funcional demonstra a excelência dos trabalhos que a SAP presta à sociedade”, diz o diretor técnico da penitenciária, Emerson Rodrigues Sanches. “A feira de Artes e Cultura é um evento que vem se tornando, a cada ano, um ponto de referência para o processo de reintegração dos detentos na sociedade”, elogiou.

Durante os cinco dias da feira (entre 3 e 7/12), corredores e salas de aula da penitenciária se transformaram em galeria de arte, onde foram expostos quadros, artesanato (casinhas de madeira minuciosamente trabalhadas), painéis com imagens feitas de papel crepom, carrinhos de brinquedo confeccionados a partir de garrafas pet e madeira, vitrais decorados e uma infinidade de artigos, todos feitos pelos presos, em aulas ministradas por profissionais contratados pela Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" (Funap).

Auditório reformado

A capela ecumênica emprestou seu novo visual, totalmente restaurado, para as apresentações de música, dança e teatro. Ali também aconteceram as mais diversas manifestações de apoio das autoridades presentes na abertura do evento. “Este evento é uma oportunidade para pessoas que erraram mostrarem à sociedade, que podem e querem se redimir”, declarou o Secretário Lourival Gomes. “Quero parabenizar todos os envolvidos com a produção desta feira e dizer que fico feliz em testemunhar e falar para a sociedade que do lado de dentro das muralhas existe gente de propósito, que desenvolve trabalhos excepcionais como este, voltados para a ressocialização dos reeducandos”, reconheceu Gomes.

Painel escrito em um dos corredores da penitenciária, com frase de uma Agente de Segurança Penitenciária

Também estavam presentes na cerimônia de abertura o secretário adjunto da SAP, Walter Erwin Hoffgen, os juízes de direito, Juliana Koga Guimarães, juíza da Vara de Execução Criminal de Guarulhos e Jayme Garcia dos Santos Junior, juiz assessor da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo; José Pastore, professor Titular pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), especialista em pesquisa, ensino e consultoria nas áreas de relações do trabalho, emprego, recursos humanos e desenvolvimento institucional.

Também dividia o espaço com os presentes a advogada criminalista Alexandra Lebelson Szafir (autora do livro “desCasos, uma Advogada às Voltas com o Direito dos Excluídos”). Completaram a plateia, diretores e funcionários da penitenciária, além de empresários patrocinadores da feira.

Desde 2007

Todas as mostras anteriores abordaram um tema específico, geralmente sugerido e escolhido por detentos e funcionários envolvidos com o setor de educação da penitenciária. Em 2007, por se tratar da montagem inaugural, a comissão organizadora optou por uma abordagem mais ampla, com ênfase na área de ciências. No ano seguinte, o assunto tratado foi o meio ambiente, seguido de Tabagismo e DST/AIDS (2009); Tráfico de Animais Silvestres (2010) e Diálogo (2011).

O juiz Jayme Garcia fez questão de prestigiar o evento e destacou que seu trabalho vai além do gabinete. “Quando vejo agentes de segurança envolvidos em projetos de ressocialização de presos, isso me dá a certeza de que tenho verdadeiros aliados dentro das prisões”, disse. “Hoje a minha fala se traduz em um pedido: continuem ao meu lado realizando mais feiras como esta, principalmente os senhores, ASPs [Agente de Segurança Penitenciária], pois a sociedade espera muito de vocês”, completou.

Um coral formado por reeducandos entoou o hino nacional brasileiro; a banda musical da unidade acompanhou os cantores, uniformizados com becas preparadas especialmente para a ocasião. No decorrer da cerimônia e do evento, os reeducandos também apresentaram números de dança, percussão, teatro e participaram da premiação de um concurso literário. O restante dos dias foram reservados para visitação das salas temáticas, onde acontecia a exposição de trabalhos e atividades desenvolvidas ao longo do ano. Nas demais datas, as apresentações se alternavam com outras inéditas: culto ecumênico, palestras de orientação sobre “aproveitamento de alimentos” e “violência contra a mulher” e na sexta-feira as atividades encerraram com três exibições do filme “Hotel Ruanda” (escolhido pelos presos, em uma lista oferecida pelos profissionais da penitenciária) e uma palestra especial com a deputada federal Mara Gabrilli.