Caio Daniel - CEPRNOROESTE e Daisyane Mendes - CEPRVALI
Estabelecimentos prisionais foram palco de uma iniciativa inovadora dentro do ambiente carcerário. Os presídios de Tremembé e Itaí foram selecionados para receber a 1ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Sistema Prisional.
O evento, realizado entre os dias 14 e 18 de julho, nas 27 unidades federativas do país, contemplou uma Unidade Penal feminina e uma masculina em cada estado brasileiro. A atividade visa garantir o acesso de pessoas privadas de liberdade à arte e à cultura, por meio do contato com obras que problematizam a realidade social e estimulam reflexões críticas sobre direitos e cidadania.
Para a reeducanda J.M.M, a Mostra Cinema e Direitos Humanos trouxe uma nova perspectiva sobre a “sétima arte”. “Eu via o cinema como algo muito elitizado. Fomos conduzidas a refletir sobre determinado tema, como racismo, conscientização ambiental, capacitismo. Essa Mostra serviu para expandir a nossa mentalidade, nos tirar da zona de conforto e nos fazer enxergar que existem outras realidades paralelas à nossa”, conta a reclusa.
A ação é promovida por meio de uma parceria entre a Secretaria Nacional de Políticas Penais, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Ministério das Mulheres, a Universidade Federal Fluminense, a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI) e o Conselho Nacional de Justiça.
Andréa Hohne Demonte, consultora da OEI pelo Estado de São Paulo, explica que o projeto busca trazer o debate sobre temas importantes por meio da exibição de 13 curtas-metragens. “Falamos sobre empatia, amizade, esperança, escolhas, entre outros assuntos. A ideia é que a gente traga um pouco de alegria, esperança e humanidade para essas pessoas”, afirma Andréa. “Meu trabalho é trazer o diálogo sem julgamentos. Apresentamos os filmes e os(as) reclusos(as) nos colocam seus sentimentos e suas vivências. Então é assim que acontece essa troca”, completa a consultora.
Respeito à diversidade
Para o Chefe de Departamento da Penitenciária de Itaí, Rodrigo Di Branco, o projeto contribui de forma significativa para os reeducandos envolvidos, apresentando a diversidade e as diferenças presentes na sociedade e reforçando valores essenciais como respeito ao próximo, às diferenças culturais, físicas, raciais e intelectuais. “A ação oferece aos reeducandos um caminho de reintegração à sociedade, por meio do acesso à cultura e à educação — pilares essenciais para a reintegração social e para a construção de novas perspectivas de vida”, finaliza Di Branco.