Caio Daniel - CEPRNOROESTE
Alimentação saudável, capacitação profissional, sustentabilidade e solidariedade. Esses são os pilares do trabalho desenvolvido por reeducandos em hortas e estufas instaladas em estabelecimentos penais do Estado de São Paulo.
Na região de Bauru, a atividade rende, em média, 19 toneladas de hortaliças por mês. Entre os produtos cultivados estão alface, almeirão, beterraba, cebolinha, cenoura, chicória, rabanete, repolho e rúcula. Parte dessa produção é destinada à alimentação da população prisional e dos servidores, fortalecendo a qualidade nutricional das refeições.
Atualmente, 228 custodiados atuam na horticultura, recebendo remuneração e o benefício da remição de pena — a cada três dias de trabalho, um é descontado da condenação. Além do aprendizado de uma nova profissão, práticas sustentáveis são aplicadas no cultivo, como o aproveitamento de cascas de ovos e restos de verduras para adubação da terra. No CPP III “Prof. Noé Azevedo”, em Bauru, o esterco bovino também é utilizado na compostagem, enriquecendo o solo e favorecendo o plantio.
Doações à comunidade
O impacto do projeto ultrapassa os muros dos presídios. Parte da colheita é destinada a entidades assistenciais da região. A APAE de Cerqueira César, por exemplo, recebe mensalmente 6 caixas de alface e couve produzidas na Penitenciária I do município.
Em Bauru, instituições como o Lar Vila Vicentina, o Albergue Noturno e a SORRI recebem cerca de 140 quilos de hortaliças por mês, cultivadas no CPP III.
“Com o excedente da produção, fazemos a doação aos institutos beneficentes de Bauru. Essa ação proporciona à pessoa presa uma atividade laborterápica, que é a terapia por meio do trabalho, além do sentimento de satisfação por poder contribuir com a alimentação saudável do centro de progressão penitenciária e de indivíduos em situação de vulnerabilidade social acolhidos por organizações humanitárias”, afirmou João André Collela, Chefe de Departamento do CPP III de Bauru.