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02/03/17 | Sonia Pestana – Coremetro

Horta no sistema prisional – alimento para corpo e alma

A partir de ideia simples, servidores e sentenciados implantam hortas nos CDPs Osasco I e II com resultados animadores

O projeto de implantação de hortas da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) nas unidades prisionais, está crescendo e conquistando cada vez mais seguidores nos estabelecimentos penais da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro). Dois bons exemplos vêm de Osasco, respectivamente dos Centros de Detenção Provisória (CDPs) I e II.

Em ambos os locais, as hortas nasceram sem grandes pretensões, envolvendo ideias simples, partindo da montagem de canteiros e contando com algumas poucas sementes. Hoje, contudo, a ação cresceu e acabou envolvendo um número cada vez maior de apoiadores. Prova disso é a quantidade crescente de servidores e a admiração de juristas que visitam a unidade e, sobretudo, a dedicação dos reeducandos que não economizam palavras para conferir dignidade ao projeto.

Primeiros passos

Há cerca de dois anos o CDP Osasco I abriu espaço para a implantação de horta na unidade. No início, a ação tinha por objetivo ocupar área vaga no entorno do estabelecimento penal. Ao longo do tempo, o plantio proporcionou aos detentos uma atividade laborterápica, evitando a ociosidade.

Segundo o diretor do CDP, Davi José Telli, os reeducandos participam em todas as etapas do plantio. A partir de orientação dos servidores, eles preparam o solo e efetuam o plantio de mudas e sementes que são doadas pelos próprios funcionários.

Toda a produção da horta é utilizada na alimentação de servidores e dos reeducandos. Nos canteiros são cultivados alface, couve, espinafre e pimenta, entre outros.

O CDP Osasco II, também mantém o projeto da horta desde 2014. De acordo com o diretor da unidade, Fabiano José Carmelo Vieira, apesar do pouco espaço disponibilizado na época, a ação cresceu e teve sua área expandida para os 280 metros quadrados atuais.

Nesse espaço, segundo o diretor, é possível encontrar verduras e legumes variados que são cultivados sem uso de agrotóxicos. A adubação orgânica é feita a partir de ingredientes provenientes da própria unidade, como restos de cascas de frutas, legumes e verduras, migalhas de pão, esterco de animais herbívoros, como galinha e carneiros, além de pó de café, restos de grãos ou farinhas, raízes, capim secos, cascas de ovos e de árvores.

Melhor de mim

O verde da plantação chama a atenção de quem visita as unidades de Osasco I e II. O que a princípio visava apenas alimentar o corpo, hoje alimenta também o espírito de todos os envolvidos. O reeducando O.C.M. relata que quando chegou ao CDP Osasco II viu no cuidado da horta a oportunidade de mostrar sua habilidade no trato com a terra, já que cresceu em sítio no estado do Paraná, onde o plantio de verduras e legumes era essencial à alimentação da família.

Segundo o relato do reeducando, o trato diário com a terra na horta da unidade prisional faz com que os dias passem rápido, distraindo a mente com algo bom e, em muitas ocasiões, amenizando a sensação da perda da liberdade. “Quando estou cultivando a terra, dou o melhor de mim no trabalho”, garante.



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