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05/12/16 | Solange Ferreira – Interlocutora CRC

Reeducandos da Penitenciária I “Dr. Danilo Pinheiro” de Sorocaba trocam delitos por livros

Sentenciados deixam as grades do cárcere para adentrar os portões da faculdade

Dois sentenciados da Penitenciária I “Dr. Danilo Pinheiro” Sorocaba trilharam novo caminho e ingressaram na faculdade de Engenharia Civil. R.A.S, 32, natural de João Pessoa, Paraíba, há 10 anos recluso, e F.C.M, 37, de São Bernardo do Campo, São Paulo, cumprindo reprimenda há 17 anos, são exemplos de superação.

“Entrei para o mundo do crime muito jovem. Fui preso aos 22 anos e comecei a cumprir minha pena na Penitenciária de Guareí II. Quando lá cheguei, não tinha concluído nem o primeiro grau. Arrependido pelos erros, dediquei-me aos estudos e cursos profissionalizantes disponibilizados na unidade, mas foi na Penitenciária I de Sorocaba, onde estou há três anos no regime semiaberto, que realmente mergulhei nos livros. Em 2013 prestei o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com o interesse de ingressar em uma faculdade e o resultado foi surpreendente. Consegui acesso para estudar em duas instituições de ensino superior. Escolhi a que julguei ser a mais interessante e hoje estou no 6º semestre de Engenharia Civil”, explica R.A.S. Ele também ocupa uma vaga em um curso técnico de informática em uma escola em Sorocaba.

“Minha esposa, graças à história de superação dentro da cadeia, ingressou em um curso de Gestão Hospitalar. A meta agora é instruir nossa filha adolescente, para que ela tenha consciência sobre o quão essencial é o respeito e a valorização humana para o bom convívio em sociedade. Buscar o melhor, para que amanhã possamos ser ainda melhores”, reflete R.A.S.

Conflitos e as relações interpessoais

F.C.M iniciou o cumprimento da pena na Penitenciária de Tupi Paulista. Companheiro de faculdade de R.A.S, está há cinco anos no regime semiaberto. “O temor de criarmos conflitos e sofrermos preconceitos na faculdade nos impede de revelar que somos reeducandos. Não temos celulares, não fazemos parte das redes sociais, não fazemos parte de grupos de estudos nem saímos com os colegas de classe. Estamos entre os melhores alunos no que diz respeito às notas. Porém, o que mais desperta curiosidade nos universitários é nossa vida pessoal, justamente pela nossa discrição. Contudo, nada disso se apresenta como percalço para o nosso desempenho. Substituímos a internet pelos livros e somos tão aplicados quanto os demais universitários. Conflitos, agora, só com as equações do curso”, ressalta o reeducando.

Complementando os estudos

“A unidade prisional disponibiliza para os reeducandos toda a estrutura necessária para a alfabetização e sala de informática como suporte no aprendizado. Tínhamos um grupo de estudos com 10 sentenciados. Nove conquistaram os diplomas na área de Engenharia de Produção, Letras e Direito. Além disso, sentenciados trabalham e recebem remuneração, graças ao contrato de alocação de mão de obra carcerária. A educação e o trabalho sempre serão nossos aliados para a reinserção dos sentenciados à sociedade”, explica o diretor da Penitenciária I “Dr. Danilo Pinheiro” de Sorocaba, Edézio José da Silva Júnior.

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