25/10/16 | Sonia Pestana – Interlocutora Coremetro
Ação entre professor de biologia e reeducandos do CDP III de Pinheiros cria projeto que associa criação de peixes com o cultivo de hortaliças
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As dinâmicas aulas do professor de biologia Cremilson Marques Pedrosa, da escola vinculadora E.E. Romeu de Moraes, estão dando o que falar no Centro de Detenção Provisória (CDP) III de Pinheiros. Com o apoio da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), o diretor da unidade prisional, Ademir Muniz de França disponibilizou um pequeno espaço nos jardins que serviu como palco para a implantação do projeto Nascer, unindo tanque de criação de peixes com plantio de alface.
Segundo Pedrosa a ideia surgiu a partir do tema sustentabilidade, tendo como mobilização a crise hídrica e a possibilidade de reuso de água da chuva, além do aproveitamento de materiais descartados de reformas e canteiros de obras. Como o tema é atual, as aulas teóricas foram conquistando os reeducandos e não demorou muito para serem colocadas em prática nos jardins do CDP.
De acordo com o diretor da unidade prisional, o projeto tem como base o sistema conhecido por aquaponia. Esse processo associa a criação de peixes com o cultivo de hortaliças, contando com o diferencial de ser capaz de economizar até 90% de água em relação à agricultura convencional. França explicou que a água que circula nesse processo é constantemente renovada de forma natural e sem resíduos. “Por ser um sistema fechado, ele elimina completamente a liberação de efluentes no meio ambiente”, relatou.
Sistema básico de aquaponia
Para a realização do projeto foram utilizados materiais doados, a exemplo de caixa d’água de mil litros, pedra de brita, tubulação e cotovelos de PVC, galão de 20 litros e bomba d’água simples. A aquaponia também recebeu material vindo de descartes de obras e reformas, como cacos de telhas, por exemplo.
Na prática, o sistema de aquaponia funciona a partir da instalação da caixa d’água no solo, formando um pequeno lago artificial com a função de captar a água da chuva e abrigar os peixes. O galão de água serve como filtro biológico e para isso recebe cacos de telhas e pedras. A bomba d’água tem a função de abastecer o filtro, onde os resíduos e dejetos ficam decantando na parte inferior. A saída da água para as hortaliças fica na parte superior, fornecendo assim água limpa e rica em nutrientes.
França explicou, ainda, que as tubulações são usadas como canteiros, instaladas em forma de serpentina horizontal, permitindo que a água do filtro seja distribuída por gravidade a todo sistema. Ele destacou que as plantas são nutridas com a água ao mesmo tempo em que processam uma limpeza, como filtro, por meio de suas raízes. Depois desse processo, a água retorna à caixa d’água, ou lago artificial, para garantir a sobrevivência dos peixes.
Benefícios para a unidade
O Projeto Nascer teve duplo impacto no CDP III de Pinheiros, não só por proporcionar um espaço agradável para servidores e reeducandos, mas sobretudo, pelo exemplo de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. Na opinião do diretor, os benefícios vão além da reutilização de materiais que seriam descartados. Envolve também o reuso de água da chuva, evitando o desperdício, ao mesmo tempo em que se apresenta como uma alternativa na produção de alimentos saudáveis, a exemplo de hortaliças, livre de agrotóxicos, e de peixes.
De acordo com França, o projeto necessita de pouco espaço físico para ser implantado. Segundo seus cálculos, a previsão de produção de hortaliças para a estrutura montada no CDP é de 60 pés a cada duas ou três semanas. Em sua opinião, a ação representa uma fonte de produção totalmente orgânica, livre de quaisquer pesticidas ou herbicidas. Apesar do pouco tempo de implantação, a unidade já planeja ampliar o projeto.
