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10/10/16 | Eliane Borges – Interlocutora Croeste

Sentenciados de Valparaíso apresentam o musical “Um Lugar Encantado”

Composta por paródias, a encenação retrata a superação por trás dos jogos paraolímpicos

Um mês antes do Dia Nacional do Teatro, comemorado em 19 de setembro de 2016, a 9º Sinfonia de Beethoven conduziu a paródia musical “Um lugar Encantado”, escrita por sentenciados da Penitenciária de Valparaíso. A dramatização foi apresentada ao público em 17 de agosto na própria unidade. O espetáculo trouxe o tema da superação de pessoas com deficiência física ou limitação e teve como pano de fundo os jogos olímpicos e paraolímpicos. Atualmente, a equipe conta com dez atores e três integrantes na produção, coordenados e dirigidos pelo professor Juraci Antônio de Oliveira.

De autoria do preso A. J. T. N., a trama desenvolve-se em um ambiente musical com paródias de canções conhecidas. A peça conta a história de dez pessoas com deficiência, alguma limitação física ou dificuldade – amputados, cadeirantes, obesos, morador de rua – que querem superar as adversidades por meio do esporte. A intenção é homenagear atletas olímpicos e paraolímpicos. A narrativa desenvolve-se com a retomada de duas figuras da mitologia grega: Zeus e Hércules, os quais entram em cena e transportam as personagens para um lugar encantado onde tudo pode acontecer, principalmente, a superação.

Segundo o sentenciado e autor da peça, foi uma grande experiência para todo desde a preparação. Todos se dedicaram aos ensaios e se esforçaram tanto físico como psicologicamente. “Aprendemos que quanto maior a luta, maior é a sensação da vitória pelos méritos de um sacrifício coerente, honesto e eficaz. Somos capazes de superar as dificuldades mesmo quando estamos cercados de limites”, enfatizou o N.

Incentivo à arte

A obra é resultado do Projeto de Teatro vinculado ao Programa de Educação para o Trabalho e Cidadania (PET): “De Olho no Futuro”, da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap), o qual incentiva a criação de grupos teatrais e núcleos de cultura nas unidades prisionais como forma de acesso à arte. Nas oficinas, são desenvolvidas diferentes atividades artísticas além do teatro. Mais do que transmitir técnicas, os espetáculos buscam fazer a conexão com os temas tratados nos módulos. Pelo programa, já passaram 24 sentenciados. Na peça em questão, os atores puderam refletir sobre a própria superação, enquanto pessoas que estão em situação de privação de liberdade e o quanto ainda podem realizar.

O projeto foi implementado na Penitenciária de Valparaíso pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) em parceria com a Funap. “Em 2015, tivemos a primeira peça. Em 2016, contamos também com o apoio da Secretaria de Estado da Educação (SEE), por intermédio da escola vinculadora. Estamos orgulhosos pela aceitação do trabalho, pela procura por outros sentenciados e pela superação de obstáculos e paradigmas. A apresentação foi um sucesso” conta o diretor do Centro de Trabalho e Educação da unidade prisional, Reginaldo de Brito Caroli.

A encenação foi apresentada para autoridades, as quais presenciaram o trabalho cultural desenvolvido no interior da unidade prisional, destinado ao processo de ressocialização dos presos por meio de trabalho e estudo.


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