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18/07/16 | Sonia Pestana – Interlocutora Coremetro

Sentenciado vira o jogo e vence o analfabetismo

Força de vontade e dedicação foi a fórmula para chegar à alfabetização dentro da prisão

As apresentações de encerramento do semestre na área educacional da Penitenciária I “Mário de Moura e Albuquerque” de Franco da Rocha tinham tudo para ser um evento rotineiro. Mas, o desejo de expressar gratidão, por ter sido alfabetizado, mudou o roteiro estabelecido pelos professores. Graças à espontaneidade do sentenciado E.D.S., de 34 anos, a emoção fez brotar lágrimas nos docentes e servidores.

Dedicação e perseverança resumem a trajetória de vida do sentenciado. Segundo ele, sua alfabetização só foi possível graças ao empenho dos professores da unidade prisional, que hoje representam sua própria família.

O preso revelou que encontrou apoio também com companheiro de cela que o ajudava a decifrar letras e palavras. Conforme relatado, o entusiasmo pelo aprendizado era grande. “Não via a hora de amanhecer para ir à escola. Aqui eu recebia atenção!”, falou emocionado.

E.D.S. teve uma vida em família tumultuada. Os pais, Antônio e Maria, tinham problemas de convivência, devido ao temperamento violento do genitor, agravado em função do uso rotineiro de bebida alcóolica. Eles eram obrigados a mudar constantemente de bairro ou cidade em decorrência das ações intempestivas do pai.

O preso revelou que encontrou apoio também com companheiro de cela que o ajudava a decifrar letras e palavras. Conforme relatado, o entusiasmo pelo aprendizado era grande. “Não via a hora de amanhecer para ir à escola. Aqui eu recebia atenção!”, falou emocionado.

O preso revelou que sua vida, hoje, mudou para melhor. Além de aprender a ler, E.D.S. disse que a religiosidade também teve papel importante nessa transformação. “Entrei aqui como ladrão, mas saio um homem de Deus”, declarou. Dentre seus planos, ele destaca o desejo de constituir família e ter um trabalho digno, como jardineiro, por exemplo.

Estrutura educacional

A Penitenciária tem local diferenciado para a área de educação para presos do regime fechado. Instalada entre o acesso dos pavilhões habitacionais, a escola da unidade possui espaço para o professor, quatro salas de aula, biblioteca com 3.200 exemplares, dois banheiros, além de recepção e amplo auditório para apresentação de palestras e ações de saúde.

Diariamente passam pela escola cerca de 290 sentenciados, incluídos os matriculados no ensino formal, como alfabetização e ensinos fundamental e médio. Há ainda grupos de presos do Programa de Educação para o Trabalho (PET), ministrado sob a coordenação da Fundação “Professor Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap), além das ações da diretoria de Saúde da unidade com presos da inclusão ou dos encontros específicos dos soropositivos.

Na área externa da unidade, o espaço educacional é composto por ampla sala, destinada às ações para os sentenciados do regime semiaberto. Atualmente, o local é usado para as aulas teóricas do Via Rápida, especificamente, dos cursos de encanador e pintor, com turmas no período da manhã, para 23 alunos. Há ainda uma biblioteca com 220 exemplares de uso exclusivo da ala de progressão.

Para o diretor geral da penitenciária, Marco Aurélio Cardoso de Almeida, todas as ações na área educacional são bem-vindas. “Sou grande incentivador de projetos que contribuam para o crescimento pessoal de cada sentenciado”, declarou.

Na programação das atividades educacionais, para este ano, constam a formação de duas turmas para o curso PET. Para 2017, a ideia da direção é retomar as aulas do ensino formal, manhã e tarde, com o apoio da escola estadual vinculadora “Professor Domingos Cambiaghi”, de Franco da Rocha.

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