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18/04/16 | Sonia Pestana – Coremetro

Canil do GIR tem novos integrantes

Bereta dá cria e entra para história do canil do Grupo de Intervenção Rápida da Coremetro

Desde sua criação, em 2008, o canil da sede do Grupo de Intervenção Regional (GIR), da Coordenadoria de Unidade Prisionais da Região Metropolitana (Coremetro), localizado no bairro de Santana, em São Paulo, não experimentava tamanha emoção e algazarra. Os oito novos cãezinhos chegaram em março para mudar a rotina da base, entre eles há cinco fêmeas e três machos. E não é para menos: essa foi a primeira procriação registrada no canil. Bereta e Wolf, ambos da raça Pastor Belga de Malinois, são os responsáveis pelas crias. A fêmea tem 4 anos e 10 meses e o macho 6 anos.

O comandante do GIR-4, Saulo dos Santos Matos, disse que a procriação é um marco para o canil, já que desde o início dos trabalhos com cães o grupo sempre contou com doações de animais e, em alguns casos, eles já vinham adultos para o grupo, demandando mais trabalhando no adestramento. “Estão em nossos planos ter uma linhagem própria e esse é o primeiro passo nesse sentido”, revelou Matos.

Ele informou que cuidados não faltaram em todos os processos. O responsável pela equipe do canil, Robson Sulivan Ferreira, explicou que normalmente a fêmea entra no período do cio do 6º ao 8º mês de vida e, a partir daí, se repete de seis em seis meses, na maioria dos casos, ficando regrado do terceiro período em diante. Nos cruzamentos posteriores devem levar em consideração o estado geral e o poder de recuperação da cadela. Os parceiros, macho e fêmea, se possível, devem ser do mesmo porte, estarem com as vacinas em dia e devidamente saudáveis.

Mesmo com esses cuidados, Bereta levou 12 horas para dar à luz oito filhotes. Ferreira relatou que o primeiro a nascer demorou cerca de 1 hora, o que causou preocupação para a equipe, que decidiu levar a cadela para um centro especializado, onde os demais bebês nasceram sob a supervisão de médico veterinário.

Regulamentação do canil

De acordo com Ferreira, todos os canis da secretaria são regidos pela Resolução SAP nº 244 de 15/09/2008 que estabelece princípios e normas para utilização de cães com fim de auxiliar nas atividades de vigilância preventiva das dependências internas e externas das unidades prisionais, subordinadas à pasta. Exatamente por isso, o profissionalismo é uma exigência para o bom andamento dos serviços.

Segundo ele, para estar à frente do canil não basta ter aptidão. “É necessário gostar de animais e saber lidar com eles”. Nesse cenário atípico é recomendável que o servidor tenha, pelo menos, o curso básico de cinotecnia, ou seja, a técnica de treino com cães. Ferreira informou que no GIR-4 todos os trabalhados são realizados em equipe e, por isso, as responsabilidades também são divididas, inclusive no que se refere à manutenção e higienização periódica do canil. “Temos feito lavagem diária, desinfecção semanal com bactericida e quinzenalmente prevenção contra carrapatos e outros insetos. Além disso, ministramos vermífugos à cada três meses e vacinação anual” relatou.

Outro aspecto a ser considerado ao se implantar um canil é o espaço físico para acomodar confortavelmente os animais e adequado para as seções de adestramento. As normas estabelecem como minimamente aceitáveis possuir box com estrutura montada com 2 metros de largura, 4 de comprimento e 2,10 de altura, desse total, 3 m² deverão ser cobertos e 5 m² descobertos.

Ferreira explicou que o canil do GIR foi montado seguindo todas as exigências. Exatamente por isso, a equipe teve de tomar uma dura decisão: doar cinco filhotes de Bereta, já que as regras apontam como adequado manter um animal por box. Os bebês foram distribuídos entre a Penitenciária Feminina Sant’Ana, Centro de Detenção Provisório “ASP Willians Nogueira Benjamin”, de Pinheiros II e integrantes do GIR-4.

Seleção e treinamento

No GIR, o aprimoramento do trabalho com os cães é coisa séria e o treinador não dá moleza para os filhotes. O animal é adestrado desde o início, seguindo até o 18º mês, quando é verificada a capacidade de atuação no canil.

Em paralelo, os responsáveis não podem desperceber os cuidados com a saúde do animal. Os cães recebem as vacinas necessárias até o 6º mês de idade e alimentação específica para filhotes. Nesse período é feito um exame para verificar se o desenvolvimento físico do animal é compatível com sua idade.

Para desempenhar bem o trabalho, a equipe entende ser necessário que o funcionário responsável pelo canil desenvolva sintonia com o animal, conhecendo sua personalidade e hábitos, algo que será de grande utilidade ao longo do treinamento, principalmente em dias de ações pontuais nas prisões. Atualmente, cerca de 60 cães treinados fazem parte do canil das unidades prisionais da Coremetro.

Ferreira destacou que uso de cães nos serviços que envolvam segurança pública é uma séria responsabilidade. Segundo ele, seu treinamento não transforma o animal, mas sim aprimora suas técnicas inatas. Em sua opinião, todo o trabalho deve ser encarado como prioridade, pois nas ações há vidas envolvidas, sobretudo a do treinador e do próprio animal.

Os cães usados nas unidades possuem basicamente duas especializações: são farejadores e para contenção, por isso a manutenção é coisa séria e deve começar logo cedo. Ao longo do crescimento do animal, o adestramento e a sociabilidade são observados, como perfil/aptidão para as tarefas específicas dentro de um grupo operacional.

O Brasil conta atualmente, com cerca de 2 mil cães treinados por instituições de segurança. Contudo, diante dos trabalhados realizados por outros países como Colômbia, Canadá, Estados Unidos e Israel, nota-se que é grande a margem de crescimento.

De forma geral, os cães são usados pelas instituições de segurança pública para fins de policiamento ou nas atividades de defesa social em serviços como buscas de pessoas perdidas, captura de fugitivos, controle de distúrbio civil, crises prisionais, faro de entorpecentes, artefatos explosivos e até de aparelhos de celulares.

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