21/10/15 | Sonia Pestana – Coremetro
Mulheres participam das oficinas de arte e mandam embora a tristeza
Atividades artísticas, de expressão corporal e terapêuticas são oferecidas na mostra
Com certeza o mês de setembro não será o mesmo para as sentenciadas e seus bebês da ala materno-infantil da Penitenciária Feminina da Capital (PFC). Inicialmente, de forma acanhada, elas experimentaram as várias atividades das oficinas de arte, algo novo em suas vidas. Aos poucos a desconfiança cedeu lugar à entrega e a alegria é a marca registrada das oficinas da Mostra de Arte.
Segundo Antonia Marta dos Santos, diretora do núcleo de atendimento à saúde da unidade prisional, o projeto de intervenção é de responsabilidade da Comissão de Política Criminal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), secção de São Paulo, em parceria com o Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo com o objetivo de proporcionar espaço de expressão às mulheres em cumprimento de pena. "Na prática, há atividades artísticas, corporais e terapêuticas que visam contribuir para a redução dos efeitos negativos da prisão", resumiu.
As idealizadoras do projeto são as advogadas Adriana de Melo Nunes Martorelli e Fabiana Zanatta Viana, respectivamente presidente e vice-presidente da Comissão de Política Criminal. Segundo elas, o projeto cria uma ponte entre a prisão e a sociedade, servindo literalmente como instrumento de reinserção ou reintegração social.
A Mostra de Arte, de acordo com Fabiana, tem como foco principal contribuir para o aperfeiçoamento da justiça. “A ideia é diminuir as consequências dos efeitos de se estar à margem da sociedade e recuperar experiências emocionais reprimidas, em decorrência do processo de prisionização”, explicou.
Oficinas de arte
O projeto prevê o desenvolvimento de seis oficinas de arte por mês, cujo objetivo é promover o autoconhecimento no campo corporal e emocional, incluindo o aprofundamento das relações das mães com seus bebês. Em outras palavras, segundo Fabiana, as atividades artísticas, expressão corporal e terapêutica funcionam como mecanismos de integração social.
A Mostra de Arte está estruturada em oficinas de Meditação, Musicando, Dança da Vênus, O Caminho do Canto, Do-In e Florescer na Essência. Para as sentenciadas, as ações promovem uma perfeita integração com profissionais da área de dança, canto, música, psicologia e expressão corporal, proporcionando momentos de total relaxamento, algo bem distante da dinâmica cotidiana do cárcere.
Proposta inicial
A história da ação Mostra de Arte começou em agosto 2013, quando voluntários de formações diversas, a exemplo de dança, música, canto e terapias alternativas, aderiram ao projeto. Inicialmente o palco escolhido para a implantação foi o Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Feminino de Butantan.
Fabiana relembra que também nesta unidade, a iniciativa foi bem-sucedida. Prova disso, em novembro de 2014 as atividades da Mostra de Arte foram vivenciadas pelos participantes de um congresso sobre a mulher encarcerada, juntamente com temas jurídicos relacionados.
