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22/09/15 | Sonia Pestana – Coremetro

Hoje tem brincadeira

Nos pavilhões habitacionais da Penitenciária “Adriano Marrey” de Guarulhos II, brinquedoteca é coisa séria

Antes parlatório desativado, agora brinquedoteca

As crianças esperam ansiosas o fim de semana; e não é para menos. Os antigos parlatórios da Penitenciária “Adriano Marrey” de Guarulhos II ganharam vida. Desde maio do ano passado algo inusitado vem acontecendo em três desses espaços, pois ali funcionam as brinquedotecas para os filhos dos sentenciados da unidade prisional.

Segundo relatos das diretorias de educação e segurança, por meio de Valdinei Araújo de Freitas e Roney do Nascimento, respectivamente, era grande a preocupação com as inúmeras crianças que ficavam à toa nos raios durante os dias de visita. A partir dessa constatação, a equipe se mobilizou na busca de um local apropriado.

Escolha do local

Os parlatórios desativados, instalados à entrada dos pavilhões habitacionais, mostraram ser a melhor opção para a instalação de brinquedotecas. “O dilema sobre o local foi resolvido de pronto, mas não queríamos criar apenas uma sala e colocar alguém para cuidar das crianças”, argumenta Nascimento. De acordo com ele, a ideia era ter um lugar com atrativos, mas não havia verba disponível para isso.

A solução foi buscar apoio com as entidades religiosas que sempre estão presentes na unidade, a exemplo da Pastoral Carcerária e Assembleia de Deus. A ideia da unidade era montar brinquedotecas com as mais variadas opções de brinquedos como piscina de bolinhas, escorregadores, quebra-cabeças, material de pintura, literatura infantil, TV e DVD.

Resultado prático

Hoje, passado quase um ano desde a implantação do projeto, durante o fim de semana cerca de 60 crianças passam em média quatro horas nos três ambientes reservados às brincadeiras. Coube aos sentenciados a pintura decorativa das paredes dos parlatórios. Para isso, eles se inspiraram nos vários personagens de histórias infantis.

Antonio Samuel de Oliveira Filho, diretor geral da penitenciária, revela que desde o início deu total apoio ao projeto e às diretorias de educação e segurança. Ações de apoio e colaboração também vieram por parte dos servidores Mário Jorge Antunes e Igor Rocha.

A opinião de especialistas

Quando tudo ficou pronto, era grande a expectativa quanto à opinião das crianças sobre o ambiente construído para elas. O sentenciado C.S.V é pai de dois meninos, de 5 e 1 ano e 9 meses. Ele relata que a atitude de seus filhos foi de total aprovação. “As crianças entram para brincar, sem problemas, mas na hora de ir embora é só choradeira”, revela.

Já B.A.S diz que encontrou na brinquedoteca a paz necessária para o contato com a filha de 2 anos e meio. “A criança esquece que está na prisão a ponto de ficar perdida diante de tantos brinquedos e, de uma forma ou outra a gente acaba se envolvendo nesse mundo encantado”, confidencia.

Hora do lanche

As diretorias da unidade prisional envolvidas no projeto brinquedoteca relatam que acompanham de perto o andamento das atividades. Segundo Jorge Antunes, a equipe mostra preocupação com as crianças, não somente com relação às brincadeiras, mas também com a alimentação.

De acordo com ele, o motivo dessa preocupação está no fato de que grande parte das visitas vêm de bairros distantes, tornando a volta para casa ainda mais penosa para as crianças. Para amenizar essa realidade, a unidade passou a oferecer o lanche da tarde, composto por sanduíche, fruta e iogurte. “Nossa intenção é aliviar esse clima pesado para as crianças”, resume o servidor.

Estão nos planos da penitenciária ampliar ainda mais o projeto. Dentre os próximos passos, destaca-se a implantação da 4ª brinquedoteca, desta vez no parlatório do raio 4. Se depender da diretoria da unidade, os espaços mal iluminados e sem pintura estão com seus dias contados.

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