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14/08/15 | Sônia Pestana - Coremetro

Arte e cultura na prisão

Sala de leitura é remodelada com trabalho conjunto de sentenciados, professores e servidores do sistema prisional

A sala de leitura reorganizada

O espaço que antes era sem vida e repleto de pilhas de livros antigos, hoje dá lugar a uma ampla sala de leitura colorida e organizada. A mudança, nesse cenário da Penitenciária “Mário de Moura e Albuquerque” I de Franco da Rocha, só foi possível devido ao trabalho de muitas pessoas.

Thiago Favoni, diretor de Trabalho e Educação, relatou que no início a ideia era apenas organizar o acervo nas estantes, segundo o estado de conservação, para depois implantar um novo programa de registro dos livros. “Começamos pela limpeza do local e a partir daí vimos que muita coisa precisava ser feita, além da simples organização”, disse.

De acordo com ele, a sala de leitura passou por uma mudança radical. A reestruturação foi dividida, então, em etapas, o que incluiu um melhor posicionamento das estantes, a seleção pela conservação, o assunto de cada livro, a implantação de novo sistema computadorizado de controle dos títulos e, consequentemente, uma melhor dinâmica nos serviços de empréstimos junto aos sentenciados nos raios. Em todo processo de mudança, Favoni destacou que os quatro monitores tiveram participação efetiva nos resultados.

Trabalho em equipe

Segundo o diretor, todas as realizações foram resultado do trabalho em equipe. Ele revela que tanto reeducandos como professores e servidores passaram a acompanhar de forma prática as mudanças no local. Nesse contexto, o que chama a atenção é o trabalho de arte feito a partir de material reciclado, recolhido junto aos servidores da área administrativa da unidade.

Sob a coordenação dos professores da escola vinculadora, cerca de 200 sentenciados deram sua contribuição. Eles recortaram e pintaram cerca de 1.500 rolinhos de papel higiênico que mais tarde se transformaram num imenso painel em forma de sol, instalado na parede lateral da sala. A montagem final ficou a cargo da equipe de monitores da escola.

Para os internos, a obra representa a esperança de dias melhores. Em seu rodapé está a frase, retirada de uma música Mais uma vez, de Renato Russo: “Mas é claro que o sol vai voltar amanhã. Mais uma vez eu sei. Escuridão já vi pior de endoidecer gente sã. Espera que o sol já vem(...)”.

Criatividade sob medida

De acordo com Favoni, no princípio da reestruturação eram muitas as ideias, mas nem sempre viáveis para o sistema prisional. “Na medida em que os problemas surgiam, as soluções foram aparecendo”, revelou.

Bom exemplo vem da decoração adotada pela equipe. “Foram feitas algumas tentativas de melhorias nas cadeiras e estantes da sala de leitura até se chegar ao modelo final, que consiste na forração das peças com recortes coloridos feitos com páginas de revistas, jornais e gibis”, completou.

Estão nos planos da unidade prisional ampliar a utilização do espaço da sala de leitura para promover ações diversas na área da educação. Dentre essas, Favoni destaca os cursos do Programa para Educação e Trabalho (PET), reuniões de inclusão, saídas temporárias e ações de saúde.

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