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29/07/15 | Sônia Pestana – Coremetro

Reuso de água de chuva

Duplo impacto: economia e consciência ambiental

Sistema de captação de água implantado no CDP II de Pinheiros

Bastou um incentivo, e 13 das 28 unidades da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro) abraçaram a ideia de economizar na captação de água da chuva para reuso. A proposta partiu diretamente do coordenador, Hugo Berni Neto e hoje, seis meses após o incentivo, os estabelecimentos prisionais que implantaram o projeto já colhem os resultados.

Aderiram ao programa as penitenciárias “Nilton Silva” de Franco da Rocha II e “José Parada Neto”, de Guarulhos I. Já dentre os centros de detenção provisória (CDP) estão Osasco I e II, Guarulhos I e II, Pinheiros I e II, as unidades de Mauá, Belém I e Itapecerica da Serra, além do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de São Miguel Paulista.

De forma geral, o Projeto de Captação de Água da Chuva para Reuso começou de maneira tímida, porém foi ganhando a todos por conta dos argumentos práticos e convincentes por parte de equipes técnicas envolvidas no processo. O primeiro passo foi um estudo de viabilidades financeira e estrutural, visto que tal projeto envolveria a instalação de calhas e tubulações em diversas áreas das unidades prisionais.

Desde o início do ano, foram instaladas cerca 25 caixas-d’água, com capacidade de armazenamento para mais de 130 mil litros de água de chuva para reuso. A princípio, o total armazenado será destinado para o uso nos pavilhões habitacionais, limpeza dos prédios administrativos, irrigação dos jardins e complexo de educação e trabalho.

Daniel Marques Barreto, diretor da Penitenciária “José Parada Neto” de Guarulhos I, já vislumbra a utilização da água armazenada para lavar as dependências da unidade. Tendo em vista suas amplas instalações, Barreto quer evitar o desperdício de água tratada na limpeza de viaturas, por exemplo.

Consciência ambiental

A nova ação contribuiu para o aumento da consciência ambiental, principalmente após a crise hídrica sofrida no Estado de São Paulo. A grande maioria das unidades prisionais envolvidas na economia fez uso de palestras, distribuição de panfletos e elaboração de cartazes com mensagens de uso consciente da água, tanto com os funcionários, quanto os reeducandos.

Paralelamente, outras medidas foram adotadas. As unidades optaram por ações diversificadas, a exemplo de horários fixos de abertura e fechamento dos registros de água, troca de registros desgastados, substituição das torneiras comuns por modelos automáticos, ao mesmo tempo em que instalaram válvulas de descarga com sistema de controle de fluxo de água.

O CDP Osasco I concluiu cerca de 60% do projeto de reuso de água. A unidade instalou calhas nas lajes dos pavilhões para aproveitamento de 100% da água e adaptou os espaços para a instalação dos equipamentos necessários, como as caixas-d’água com capacidade para 10 mil litros. Agmar Gomes dos Santos, diretor do CDP, calcula que serão captados 100 mil litros de água nos reservatórios na época de chuvas.

Os relatos de economia e consciência ecológica também vêm do CDP “ASP Nilton Celestino”, de Itapecerica da Serra. A unidade já deu início ao sistema de aproveitamento de água, que consiste na captação da chuva coletada no teto da unidade prisional. Segundo o diretor Claudinei Teixeira de Souza, toda a coleta da chuva é direcionada ao reservatório de armazenamento que, inicialmente, conta com capacidade para 25 mil litros. Uma tubulação própria leva a água armazenada ao pavilhão habitacional para ser utilizada na limpeza do pátio e na lavagem de roupas.

Economia Real

O resultado do trabalho de conscientização do uso da água pode ser notado, se forem comparadas as faturas dos sete primeiros meses de 2014 com as de 2015. O montante economizado está na ordem de R$ 7.598.986,70, o equivalente a 354.522 m³. A expectativa é que esse valor aumente ainda mais com a adesão de outras unidades prisionais que estão em processo de adaptação.

Igual esforço também está fazendo o CPP Feminino de São Miguel Paulista. Segundo Nívia Cláudia Firmo Pedro, diretora da unidade, o consumo de água registrado em maio deste ano foi de 594 m³, contra 1000 m³ em igual período de 2014. Em outras palavras, a economia foi na ordem de R$ 14.531,24 na fatura da Sabesp do mês de maio de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Fabiano José Carmelo Vieira, diretor do CDP Osasco II, comprova que a economia no consumo de água é real. Ao comparar as contas da unidade dos meses de março e junho, por exemplo, o diretor informa que a economia foi de R$ 86 mil. Outro parâmetro destacado por ele é o consumo registrado em maio deste ano, quando a fatura indicou 3.834 m³. Segundo ele, isso representa uma queda na ordem de 50% aproximadamente em relação ao mês de abril.

Ao contrário do que muitos imaginam, é unânime entre os dirigentes das unidades prisionais que a implantação do sistema de captação de água é relativamente simples. A ação demanda de poucos materiais, contudo, requer um trabalho de equipe bem afinado, com conhecimento de alvenaria e sistema hidráulico predial.

Apesar do pouco tempo de estudos e implantação, Hugo Berni Neto, Coordenador da Coremetro, considera os resultados alcançados pelas unidades prisionais mais que satisfatórios. Segundo ele, os esforços na captação de água da chuva, juntamente com as ações adotadas para o uso consciente da água tratada, indicam que a coordenadoria está no caminho certo. No balanço geral, as faturas atestam uma economia de 27%, se comparadas às despesas dos meses de janeiro e junho deste ano.

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