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14/07/15 | Sônia Pestana - Coremetro

Propedêutica penal é tema de curso em Guarulhos

Reflexão de causa e efeito com os Sentenciados do “Adriano Marrey”

Aula em andamento do curso

O curso de Propedêutica Penal está movimentando os corredores da Penitenciária “Adriano Marrey”, de Guarulhos II. E não é para menos: em abril, 102 sentenciados receberam o certificado de participação no primeiro módulo das aulas. Com duração de quatro meses, a iniciativa é uma realização da Diretoria de Reintegração e faz parte de uma série de encontros que visam a reflexão. O psicólogo, Marco Antonio Leite, e a diretora de Núcleo de Pessoal da unidade prisional, Maria Aparecida Silva Leme são os coordenadores do projeto.

Segundo Leite, a proposta do curso é promover uma autoanálise das ações que trouxeram cada participante à condição de sentenciado do sistema prisional. De acordo com ele, a propedêutica penal visa não somente a reflexão da causa e efeito, como também a busca de uma saída para o problema enfrentado, por isso os participantes foram divididos em grupos menores de 30 reeducandos cada um.

“No início eles chegam desconfiados e emudecidos, mas a partir das regras de ética, que colocam todos nós no mesmo nível, cria-se uma coesão grupal que facilita a expressão dos sentimentos mais íntimos”, explica o psicólogo. A exemplo disso, Leite revela que um dos objetivos do curso é justamente desfazer pensamentos recorrentes de baixa autoestima, que levam a todos a pensar que são incapazes de crescer na vida ou que, uma vez preso, sempre preso.

Propósito em comum

Uma das particularidades do curso de Propedêutica Penal ministrado na Penitenciária “Adriano Marrey” são as dinâmicas realizadas com os sentenciados. De acordo com Leite, essas dinâmicas geram reflexões que levam os participantes a se verem como “possibilidades” no mundo, deixando de lado o sentimento de invalidação.

“Utilizamos os diálogos Socráticos em nossos encontros, ou seja, não falamos somente dos problemas, mas direcionamos para soluções”, explica o psicólogo. Os encontros são marcados por trabalhos grupais feitos a partir de psicoterapias. Muitas dessas ações contam com dinâmicas teatrais, com apoio de Igor Rocha, do Departamento de Trabalho e Educação do presídio.

O primeiro módulo do curso de propedêutica contou também com palestras do grupo Alcoólicos Anônimos (AA) de Guarulhos. Para o segundo módulo, já em andamento, Leite pretender ampliar ainda mais a ideia de equipe multidisciplinar. Essa etapa contará com palestras dos Narcóticos Anônimos (NA) de Guarulhos, além do envolvimento de servidores do setor de enfermaria da própria penitenciária e da participação de um sentenciado que tem formação médica.

Para o psicólogo Leite, o trabalho de Propedêutica Penal está somente no começo. De acordo com ele, o objetivo é ter uma atuação mais terapêutica no grupo, já que a intenção é levar os sentenciados a uma mudança de atitude com relação à sua situação de invalidação como preso. De acordo com ele, muito mais pode ser feito. E, na sua opinião, se depender da sincronia que há entre as várias diretorias da Penitenciária “Adriano Marrey”, com certeza, o projeto tem tudo para se tornar uma ação contínua.

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