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11/04/24 | Rodrigo Simonelli Bicas - CRSC  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Pós cárcere: Centrais de Atenção a Pessoas Egressas da SAP são uma nova chance para quem deixa prisão

Conheça algumas histórias bem-sucedidas de reinserção social

Wellington Donizete de Melo é um homem que carrega uma história marcada por escolhas difíceis e um caminho de redenção. Aos 43 anos, pai de dois filhos e recentemente avô, guarda um testemunho de vida voltado para transformação e superação. No passado, ele se viu envolvido com o crime, conduzido por fraquezas pessoais e, aos 27 anos, foi preso. “Eu era impulsivo e explosivo, não via serventia em nada", relembra. O tempo atrás das grades não foi apenas um castigo, mas sim uma oportunidade de reflexão e mudança.

Após seis anos de reclusão, Wellington começou a enxergar a futilidade e o preço alto que o crime cobrava e então decidiu que era hora de virar a página e construir uma vida diferente. No final de 2023, foi concedido seu livramento condicional. A reintegração à sociedade não foi um caminho solitário. O egresso foi acolhido pela Central de Atenção a Pessoas Egressas e Família (CAEF) da Secretaria da Administração Penitenciária -unidade Bauru. Em novembro, ele fez entrevista no local e elaborou um currículo. Um mês depois, uma ligação mudou completamente o rumo de sua história.

Por intermédio dessa CAEF, ele conseguiu participar de em um processo seletivo de emprego na Empresa Jaguacy (plantio a colheita de avocados). Sem hesitar, aceitou. Após toda a fase de recrutamento, foi selecionado, junto a 14 egressos, para ser um "Atendente de Campo", responsável por conferir a qualidade dos frutos colhidos e logo ganhou uma promoção: sendo hoje encarregado de conferência.

Só neste ano, a SAP atendeu, 36.143 pessoas que deixaram o sistema prisional paulista após cumprimento de pena. Outras 1.600 foram cadastradas em busca dos mais diversos atendimentos, como encaminhamento ao mercado de trabalho, cursos de capacitação e regularização de documentos.

No caso de Kelly Cristina de Almeida, de 37 anos, presa em 2021, ela relata que não tinha perspectivas em relação à vida. O que a levou ao tráfico foi a difícil situação financeira com três filhos para criar na época o um filho com 7 anos, outro com 14 e uma filha com 5 anos de idade, e que não tinha ajuda de ninguém. Na Penitenciária Feminina de Pirajuí começou a trabalhar, estudar, fez curso de empreendedorismo, educação e cidadania o que fez com que passasse a ter mais perspectivas. Já em um Centro de Ressocialização começou a trabalhar por um convênio que a unidade tinha com a Prefeitura na área de limpeza/serviços gerais, seguido de outros trabalhos, como auxiliar de limpeza.

Ao deixar o CR em 2023 com objetivo de conseguir um emprego fora, Kelly relata que as portas foram se fechando em razão do preconceito e por ter tido passagem pelo sistema prisional. Começou a passar necessidade, a faltar comida em sua casa, e com o cadastro único atrasado tinha dificuldade em conseguir cesta básica. Até que em fevereiro compareceu na Central de Atendimento - Bauru para fazer o cadastro e entrevista inicial onde foi orientada que haveria um processo seletivo para empregabilidade na cidade no dia 28/02/2024.

No dia acordado, a egressa trouxe a documentação solicitada, currículo, passou pela entrevista com a psicóloga da empresa e foi contratada com registro em carteira. Na empresa Jaguacy começou a trabalhar como auxiliar de produção e progrediu para o cargo de operadora de máquina. Hoje têm o objetivo o crescimento profissional dentro da empresa. É uma funcionária dedicada, cumpre com todos os horários, que inclusive se coloca à disposição da empresa quando esta precisa que fique até mais tarde.

Final feliz também teve Alexandra Caroline dos Santos Silva, de 29 anos, que é auxiliar de produção na empresa Jaguacy. Também presa por tráfico, contou que na Penitenciária Feminina de Pirajuí teve um grande aprendizado voltado para coisas boas e que enxergou "que o crime não vale a pena e que só leva a perdas". Começou a estudar e trabalhar ainda no cárcere. Sofreu um golpe da vida ao perder os pais no período em que esteve encarcerada. A egressa relata que quando saiu da penitenciária todas as “portas de emprego se fecharam” principalmente em razão do preconceito pela sua orientação sexual e também por ter sido presa. Após passar por entrevista inicial na CAEF Bauru, foi feito contato para saber se ela teria interesse em passar por um processo seletivo de emprego. Ela disse que a única oportunidade foi lhe dada foi na Central da SAP e é grata pela chance de mudar. Hoje é contratada pela empresa como auxiliar de produção com registro em carteira assinada. Sonha hoje em crescer na vida, concretizar seus objetivos e tem a consciência do quanto o trabalho é importante e que quanto ao restante depende somente dela encontrar ferramentas para “correr atrás” e concretizar.

aasassa
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