10/01/24 | Sonia Pestana – Coremetro |
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Ação de distribuição de livros infantis para a população prisional tem a aprovação dos reclusos do CDP de Santo André e conta com o apoio de parceiros de renome
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Ação literária movimentou as redes sociais em benefício de toda a população prisional do CDP de Santo André
O Centro de Detenção Provisória (CDP) de Santo André promoveu campanha diferenciada de Natal junto aos custodiados do estabelecimento penal. Graças aos parceiros, mais de 2.200 publicações infantis e infanto-juvenis foram distribuídas aos reclusos como incentivo à leitura, sobretudo dos seus familiares. A iniciativa foi vista com bons olhos tanto pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) como pela Coordenadoria de Unidade Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo.
Ao longo de 2023 o projeto de remição de pena pela leitura, denominado “Viajar sem sair do lugar”, envolveu não somente os reclusos do CDP, mas também inúmeros servidores e voluntários que acreditam no poder transformador da educação. Prova disso é o aumento no acervo bibliotecário da unidade que hoje conta com 5.249 livros, graças a doações advindas das mãos de várias pessoas ou entidades.
Era uma vez
Em meados de outubro de 2023, com foco no Dia da Criança, o estabelecimento penal teve uma experiência bem-sucedida com os reclusos participantes da ação para remição de pena. O CDP promoveu a distribuição de exemplares infantis aos alunos para que esses presenteassem as crianças da família, como os filhos, sobrinhos e netos. A partir dessa base, nasceu a ideia de promover o “Natal Solidário Literário” em uma outra dimensão, desta vez envolvendo toda a população carcerária da unidade.
Para o diretor geral do CDP, Ricardo Vieira da Silva, a educação precisa ser promovida em todos os espaços, sem qualquer distinção. “Creio que é essa a ferramenta precursora da mudança de vidas dentro do contexto social”, explicou. Segundo ele, pessoas com acesso aos estudos são mais habilitadas para realizarem boas práticas na evolução humana, já que a educação abre portas.
Léia Santos, voluntária do projeto de remição de pena pela leitura, amplia a linha de raciocínio do dirigente ao observar que os pais são os primeiros professores e promotores da educação: “com essa ação plantamos uma semente e esperamos poder colher bons frutos no futuro”, destaca.
Novos planos
Para poder fazer frente ao desejo de presentear toda a população com publicações, a opção foi promover uma campanha de arrecadação de publicações infantis e infanto-juvenis nas redes sociais. A pretensão inicial era arrecadar 700 livros, em média, para presentear cada reeducando com um exemplar.
A campanha foi muito bem aceita. Foram arrecadados mais de 2.500 exemplares, entre obras para adultos, infantis e histórias em quadrinhos. Desse total, cerca de 300 foram selecionados para compor o acervo da unidade. Perto de 2.200 deles foram distribuídos às pessoas presas e também aos servidores do CDP.
Prazer em ajudar
A unidade conseguiu apoio junto a muitos parceiros que não mediram esforços para angariar publicações para o projeto. Liana Nakamura, bibliotecária do Serviço Social da Indústria (Sesi) de Mogi das Cruzes, é um dos casos. Ela doou cinco caixas de livros infanto-juvenis para a ação do Natal Solidário do CDP porque, assim como Leia, sempre lutou pelas bibliotecas inclusivas.
Liana comentou ter sido uma honra fazer parte da ação e poder incentivar a leitura junto a pequenos (e grandes) leitores. “Sou filha do servidor da SAP Nelson Yoshiteru Nakamura, da unidade de Gália, por isso tenho muito orgulho de ajudar a construir um mundo melhor, passo-a-passo com vocês", garantiu.
O parceiro e escritor Jonas Ribeiro declarou que fez questão de apoiar a campanha do CDP e para isso contou com a colaboração da Franco Editora, de Juiz de Fora, MG. “Ficarei na torcida para que esses livros arrecadados e a leitura sigam fortalecendo e promovendo a esperança e a cidadania de toda a sociedade", destacou.
O recluso V.B.T. relatou que conseguiu presentear sua filha com uma publicação infantil e que ela gostou muito. O desejo dele é que eventos como esse venham a acontecer mais vezes. Já F.C.S. mencionou estar grato por todo o apoio prestado por parte da unidade junto aos seus familiares, sobretudo ao viabilizar a doação de publicações às crianças.
Projetos futuros
Para 2024, o objetivo da direção do CDP é aumentar a participação dos reclusos no projeto de leitura. “Seguimos acreditando no poder transformador da educação e leitura para pessoas dentro e fora da prisão”, justifica o dirigente Silva.
A unidade prisional contou com apoio de parceiros como o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo, Editora FTD, Livraria da Escola, Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, Sesi Santana, Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) Marechal Espiridião Rosas e General Henrique Geisel, Biblioteca Raul Bopp, Colégio São José, Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) Carolina Maria de Jesus.
