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11/12/23 | Amanda de Oliveira - CRC  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Cores, tinta guache e liberdade: presos participam de exposição em Estação Cultura de Campinas

Mostra ocorreu em homenagem ao Dia da Consciência Negra

Lápis de cor, tinta guache e tela para desenhar. Materiais comuns para quem passa pela fase escolar. A arte é um processo de cores e formas que contribui para o processo de ensino e aprendizagem. Assim sendo, a Escola Estadual Profº José Carlos Nogueira, vinculada ao Centro de Progressão Penitenciária (CPP) “Profº Ataliba Nogueira” de Campinas vem desenvolvendo trabalhos focados na reintegração da pessoa privada em liberdade e que valorizam a dignidade humana.

Esses são os casos de Claudemir de Carvalho, Jhony Carlos e Eduardo Casemiro. Os três estão reclusos, mas tiveram a oportunidade de expor suas obras e participarem da Mostra Cultural em homenagem ao Dia da Consciência Negra, na Estação Cultura de Campinas.

E o que eles têm mais em comum além do endereço? Antes, nunca tinham feito arte com tinta guache e tela de pintura. A primeira vez foi na aula de artes, dentro do sistema prisional. Eles também são autodidatas. Foi olhando que eles conseguiram retratar grandes personalidades negras da história do nosso país, como Bassiro Só, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Clementina de Jesus, Abdias Nascimento e Milton Santos.

Quando entrevistado, Jhony Carlos disse que não estudava, antes de ajudar o irmão a participar de um crime. Quando foi preso, teve acesso a livros pela primeira vez. Com timidez, disse que participar da exposição com alunos de escolas da rede estadual de ensino o fez querer buscar a liberdade. Porém, para ele, o mais emocionante foi usar a tinta guache e a tela de pintar pela primeira vez. Antes, seus desenhos ganhavam apenas a coloração cinza do grafite.

Para Eduardo, que não tinha experiências com desenhos anteriormente, a experiência foi única. “Passear entre alunos e conhecer as outras obras feitas por eles foi muito bom. Eu me senti importante, me senti parte de tudo aquilo”, diz o reeducando.

A exposição faz parte do projeto Trilha Antirracista, promovido pela Diretoria de Ensino Campinas Oeste, levando a discussão da importância da luta antirracista para todos os alunos do Ensino Fundamental anos finais e Ensino Médio, ressaltando a conscientização dentro do ambiente escolar para melhoramento das relações sociais e combate ao racismo.

Claudemir Também contou as suas impressões. Ele conta que quando o professor perguntou quem queria participar, ele foi um dos primeiros a levantar a mão. Seria uma oportunidade diferente na qual ele também poderia conhecer as pessoas que ele iria desenhar.

“Algumas pessoas das quais eu pintei eu nem sabia que existiam. Fui ler a história delas e vi o quanto é sofrida. Tem uma mulher que foi a primeira negra a vender 1 milhão de livros no mundo, sendo filha de pais analfabetos e morando na favela”, disse o reeducando referindo-se à Carolina Maria de Jesus.

Para Peterson Pantaleão, diretor do CPP, a oportunidade proporciona aos reeducandos uma importante ferramenta para o processo de reintegração social, aliado a uma ação ímpar de quebrar o paradigma e preconceito da sociedade em relação à pessoa privada no cárcere.

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