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17/10/23 | Amanda de Oliveira - CRC  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Constelação Familiar: Projeto leva esperança a reeducandos e servidores do CR de Atibaia

Sessões acontecem uma vez por mês e são conduzidas pela terapeuta familiar Ana Laura Lupeti

Reeducandos e servidores do Centro de Ressocialização (CR) de Atibaia estão participando de sessões de Constelação Familiar, por meio do projeto PertenSer. Os encontros estão acontecendo uma vez por mês.

Ministrado por Ana Laura Lupeti, terapeuta familiar, o projeto consiste em auxiliar os participantes a identificar padrões comportamentais, dar apoio emocional, criar empatia e promover autoconhecimento.

A Constelação Familiar Sistêmica é uma abordagem terapêutica que tem mostrado resultados positivos em diversas áreas, sobretudo no âmbito prisional. Desenvolvida por Bert Hellinger, essa abordagem se baseia na ideia de que os conflitos pessoais e emocionais podem estar enraizados em dinâmicas familiares e sistêmicas mais amplas.

O reeducando Rogério (nome fictício) relatou que, ao participar da sessão, teve uma experiência profunda, pois no passado, ele foi usuário de drogas e durante a representação ele pôde perceber por meio dos demais participantes, a dor que seus pais sentiram.

“O momento foi importante para que eu pudesse ressignificar a minha dor. Eu me perdoei e isso me permitiu encarar a representação dos meus pais como se eles estivessem presentes. O meu pai faleceu há 14 anos, já a minha mãe está viva, com 82. Estou me sentindo reconciliado com a minha família“, disse Rogério.

Para Fábio (nome fictício), o momento serviu como uma porta para fechar ciclos repetitivos em sua vida. Ele cresceu sem a presença do pai, o que fez com que ele se tornasse uma pessoa amargurada. Anos mais tarde, após se tornar pai, cometeu um crime. Ele fazia o transporte de drogas. Quando foi preso, acabou se distanciando da família, o que fez com que seu filho sofresse com a sua ausência.

“Eu tenho um filho e continuar como presidiário vai perpetuar na vida do meu filho um trauma gerado pela ausência. Além disso, não quero que ele veja o pai dele como um presidiário. A representação serviu para mostrar a dor interna que possuo ao mesmo tempo em que me permitiu ter a consciência que devo me perdoar para poder ser perdoado. Isso vai facilitar ser mais presente quando retornar a conviver com a minha família”, encerrou o reeducando.

Além dos reeducandos, a oportunidade está sendo estendida também para o corpo funcional do CR. O servidor Carlos Ricardo Olmedo disse que a abordagem foi surpreendente. “Avaliei a minha relação com os meus pais, com a minha família e a respeito da minha capacidade. Isso me fez ter uma visão melhor da minha realidade”, disse Olmedo.

Já para Mário Tácito, que revelou ter pesquisado bastante sobre o tema, a dinâmica usada por Ana Laura tem sido muito proveitosa para todos os participantes. “Fiquei muito impressionado com a precisão que a terapeuta aborda o conceito de dor a partir da vivência dos interessados. Como servidor penitenciário, posso dizer que os presos que participaram das reuniões se tornaram mais tranquilos, já os servidores ficaram mais comprometidos e responsáveis”, encerrou Tácito.

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