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11/10/23 | Janio Soares - Assessoria de Imprensa da SAP  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Servidores da SAP atuam como intérpretes em unidades prisionais

Custodiados estrangeiros têm suas demandas atendidas em outros idiomas

A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) também custodia pessoas estrangeiras nas unidades prisionais espalhadas pelo Estado de São Paulo. O desafio para os servidores nesses locais é a interação com esses presos devido à dificuldade de comunicação, já que são de origens diversas. O que atenua as dificuldades de comunicação é a utilização de idiomas mais comumente difundidos, como o inglês e o espanhol.

No Centro de Progressão Penitenciária Feminino de São Miguel Paulista, na zona Leste da capital, a psicóloga Raquel Gameiro Boratti se encarrega de atender as reeducandas estrangeiras. Ela ingressou na SAP já com conhecimentos de inglês e espanhol, mas em busca de melhor realizar os atendimentos resolveu se aprimorar nesses idiomas.

Raquel explica que o objetivo principal do seu trabalho com essas reeducandas é a inclusão. Ela salienta que a mulher presa já apresenta demandas específicas, mas a mulher estrangeira presa apresenta demandas ainda mais complexas. “Já recebemos reeducandas da Namíbia, África do Sul, Colômbia, Espanha, Etiópia e Guiana. Geralmente elas falam algum idioma nativo, inglês ou espanhol”, pontua.

“Quando a reeducanda chega no CPP São Miguel Paulista ela passa por uma entrevista de inclusão, onde são identificadas suas demandas de saúde física e emocional. Algumas já apresentam dificuldade de compreensão naquele momento, por isso comecei a me comunicar com elas em inglês e a traduzir as perguntas a pedido da equipe de saúde”, esclarece Boratti. Ele ainda detalha que realiza os atendimentos em inglês e atua facilitando a comunicação entre os funcionários e as reeducandas e, quando necessário, faz a tradução de documentos.

Raquel explica que o trabalho começou a partir da necessidade das custodiadas, e a unidade estava aberta para pensar em ações que pudessem melhorar a saúde integral dessa população. A psicóloga ressalta que o acolhimento da população estrangeira é fundamental e atua positivamente na dinâmica da unidade. Ela tem o contato com elas no atendimento psicológico individual, nos grupos terapêuticos e durante a rotina da unidade. “Formamos um grupo chamado “Ubuntu” para que elas compartilhem suas vivências, sentimentos e relembrem a própria cultura”.

INCLUSÃO

O Policial Penal Paulo César de Barros, diretor do Núcleo de Inclusão da Penitenciária de Itaí, afirma que ele é o primeiro contato dos sentenciados estrangeiros na unidade prisional em razão do setor em que atua.

Barros destaca que aprendeu inglês já trabalhando na SAP e que seu trabalho com os custodiados estrangeiros ocorreu na medida em que esses passaram a ser incluídos especificamente na Penitenciária de Itaí após condenação judicial. “Não havia quem soubesse se comunicar com esses sentenciados, então iniciei esse trabalho para facilitar a comunicação e dar a minha contribuição”, relata.

Barros detalha que, em sua rotina com os sentenciados, conversa em inglês e faz os encaminhamentos necessários de seus documentos para outros setores da penitenciária, dentre eles o atendimento à saúde: o Centro de Ressocialização e Atendimento à Saúde (Cras).

Ele esclarece que ainda faz parte da rotina anotar os meios de contato dos familiares dos reeducandos e solicitar ao Cras e a supervisão da unidade que se comuniquem com esses familiares e também, quando necessário, os consulados representativos de cada país desses custodiados.

“Meu trabalho consiste em fazer perguntas dentro de um mesmo padrão, feitas a todos os presos. Mas, muitas vezes, é preciso sair daquele padrão e estabelecer um diálogo com o preso, até para acalmar a situação mental do sentenciado para ajudar a assimilar a prisão. Mas é bem simples, eu me comunico e eles agradecem. Às vezes, é até necessário pedir ajuda de outro preso pra auxiliar na comunicação”, esclarece Barros, que salienta que auxiliado nos diálogos pelo policial penal Renato José Mendes, que também fala um pouco de inglês.

O diretor de inclusão diz que ocorrem situações em que o reeducando fala somente inglês e não sabe o que aconteceu com seus pertences, documentos, dinheiro e outros objetos. “Eles chegam no meu setor desorientados por não conseguirem se comunicar, alguns têm problemas de saúde e não souberam explicar, e consigo estabelecer o diálogo e fazer os encaminhamentos necessários. De vez em quando, acontece o fato da esposa do custodiado também estar presa e esse detento não conseguir explicar isso para ninguém. Nesse tipo de situação, estabeleço a comunicação, faço a pesquisa e passo para o reeducando o endereço da unidade onde a esposa está presa”, esclarece.

O Policial Penal informa ainda que os reeducandos são originários de países, línguas e culturas variadas e que, atualmente, há presos de todos os continentes (Oceania, Europa, América, África e Ásia), só não da Antártida.

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