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02/10/23 | Mariana Amud - Coremetro  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Penitenciária II de Franco da Rocha capacita reclusos em Panificação Básica

Curso proposto em parceria com o Instituto Ação Pela Paz (IAP) ofereceu orientações para atuação profissional na área

Foram 60 horas de formação para que 29 reeducandos da Penitenciária II “Nilton Silva” de Franco da Rocha recebessem a certificação de Panificação Básica, curso oferecido em parceria com o Instituto Ação Pela Paz (IAP). A penitenciária faz parte da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro), da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

As duas turmas, com 16 participantes cada, foram formadas por reclusos em cumprimento do regime fechado e ocorreram durante o mês de agosto. Ao longo dos 12 dias de capacitação, os alunos receberam instruções teóricas e práticas da área de panificação, incluindo noções básicas de cozinha, higiene, armazenamento, segurança no trabalho e a execução das receitas.

Mesmo antes de as aulas terem sido iniciadas, muito planejamento foi necessário. A equipe de educação da penitenciária foi responsável pela elaboração, proposta do projeto e busca de professora capacitada para a ação. O Instituto Ação Pela Paz (IAP) viabilizou a formação, com a compra de utensílios, insumos e remuneração da professora, além de ser responsável pela emissão dos certificados do curso.

Daniella Reina, coordenadora de projetos do Instituto, destacou que “o curso de panificação, além de possibilitar conhecimentos técnicos, colabora com o desenvolvimento humano dos participantes, motivando-os para novas habilidades sociais e perspectivas de futuro”.

Produção e encerramento

Para finalizar a capacitação e poder mostrar a toda população da unidade prisional e aos servidores o trabalho desenvolvido no curso, a professora Gisele Marcondes Leal Mohacsi fez os alunos colocarem a mão na massa. Ao todo, 5.600 biscoitinhos amanteigados com goiabada foram produzidos e distribuídos no estabelecimento penal.

Para o diretor geral da Penitenciária II de Franco da Rocha, Samuel Puglieri Pasuld, tal ação foi proposta com o intuito de mudar a visão da população prisional quanto ao trabalho realizado na cozinha da unidade e também em relação aos cursos ministrados. “Vocês irão sair daqui com um certificado em mãos, com o conhecimento básico na área de panificação, podendo atuar na área”, ressaltou o diretor, que também aproveitou o momento para agradecer o apoio do IAP no desenvolvimento do projeto.

Com experiência na formação de públicos vulneráveis, Gisele destacou a importância do suporte dado pelo corpo funcional da penitenciária para que as aulas fossem desenvolvidas. Aos alunos, pontuou: “quero que vocês brilhem, levem esse conhecimento e peguem gosto por estudar. Conhecimento nós levamos para a vida”.

Pensando no futuro

Com experiências diversas na área de cozinha, os reeducandos formados no curso mostraram-se gratos pela oportunidade dada. A.S., de 33 anos, mencionou agora ver uma possibilidade de trabalho. “Me senti muito bem em fazer algo simples, mas de verdade, com uma professora boa e que quer ajudar. Sozinho as coisas não funcionam, mas em grupos todos se ajudam para fazer acontecer”, ressaltou o aluno.

Para quem já tinha mais intimidade com a cozinha E.C., de 22 anos, o aprendizado levou a vislumbrar outras possibilidades ao sair da unidade prisional. E.C. comentou já ter trabalhado em lanchonetes e ter a vontade de empreender em um negócio de lanches artesanais. “Agora sabendo fazer a massa do pão de hambúrguer a expectativa é sair e abrir uma hamburgueria”, disse ao conversar sobre os planos que tem a partir do aprendizado obtido.

Y.N.J, de 26 anos, disse sempre ter ajudado a mãe na cozinha, então ter se capacitado em panificação foi uma oportunidade para aprender ainda mais. “Minha mãe gostou de saber que participei desse curso. É um recomeço”. E acrescentou: “A professora foi dando conselhos durante as aulas, falou para gente aproveitar essas chances e não deixarmos de estudar”, comentou o reeducando.

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