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04/08/23 | Amanda de Oliveira - CRC  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Reeducandas e agentes da Penitenciária Feminina de Campinas produzem cachecóis para idosos

Peças foram doadas para uma instituição localizada na cidade

Sandra aprendeu a fazer crochê quando ainda era adolescente. “Sou da época em que a mulher precisava aprender a fazer tudo: lavar, passar, cozinhar e costurar”, diz a mulher. Na vida adulta, ela percebeu que lidava muito bem com a cozinha e tornou-se cozinheira por profissão. Trabalhou para terceiros, depois montou o seu próprio negócio fazendo marmitas e bolos para ajudar no sustento da família. Orgulhosa de seu dom, ela diz que tem até página na rede social, que no momento está parada. O motivo é que ela não tem acesso à internet, pois está reclusa na Penitenciária Feminina de Campinas.

Atualmente, aos 52 anos, após algumas reviravoltas da vida, ela trabalha dentro do sistema prisional. Reclusa há três anos, Sandra conta que começou a trabalhar desde o primeiro dia que chegou na unidade. “Já passei pela padaria, pela cozinha e agora estou na copinha dos funcionários”.

Com tanto trabalho no currículo, a reeducanda alcançou a remição de pena e teve um ano diminuído. Em suas horas vagas, ela e mais 14 colegas de cela se voluntariaram a fazer peças de crochês que foram doadas para uma instituição de idosos da cidade. As peças foram confeccionadas com o intuito de complementar os agasalhos dos idosos nesta época do ano.

Além de promover o bem, a ação serviu para proporcionar ainda mais interação entre as reeducandas. “Enquanto estávamos produzindo as peças, os laços entre nós foram se fortalecendo. Passávamos momentos de muita conversa e distração. Chegávamos a colocar os cachecóis e fazer desfiles entre nós, imaginando como são as pessoas que iriam usar as peças feitas pela gente”, disse Sandra.

Em seu olhar, um brilho que refletia um misto de orgulho e ao mesmo tempo de lamentação por não poder conhecer os ‘velhinhos’ que elas ajudaram a se agasalhar no frio. Após um profundo suspiro, ela desabafou: Eles (idosos) não podem vir nos visitar e nós não podemos ir lá, mas está tudo bem, o importante é poder ajudar”.

A confecção das peças se deu tanto por encarceradas quanto por servidoras. Ao menos 30 pessoas estavam engajadas na ação. Durante esse momento, todas eram livres. A agente Carmen Cecília Orfei Marques Ramos participou do voluntariado. Ela também aprendeu a atividade quando criança, com a sua mãe.

Hoje, com 15 anos de sistema penitenciário, relata que o momento entre todos foi uma experiência maravilhosa. “Ver o empenho delas (reeducandas) em fazer algo de bom para ajudar pessoas que elas nem conhecem foi muito gratificante”.

Diferentemente das custodiadas, Carmen participou da entrega das peças e afirma que foi emocionante ver a felicidade no rosto dos idosos. “Eles pareciam crianças quando ganham presentes. Ficaram muito felizes”, encerrou a servidora.

Iniciativa

A ideia começou com a Campanha do Agasalho, que ocorre anualmente nas unidades prisionais, por meio da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (Cipa). Neste, só na unidade, foram arrecadas 198 peças para doação. Com relação aos cachecóis, o corpo funcional doou o material. Reeducandas e servidoras voluntárias produziram 120 peças para doar ao Lar dos Velhinhos. A instituição assiste 103 idosos carentes.

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