14/12/22 | Sonia Pestana - Coremetro  |  Compartilhe                    

Roda de conversa no CPP de São Miguel Paulista debate racismo

Com o objetivo de promover a reflexão e o resgate da identidade negra, psicóloga promove encontro com reclusas do regime semiaberto

A psicóloga Raquel Gameiro Boratti esteve à frente do projeto “Dia da Manifestação Cultural da Consciência Negra” no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Feminino de São Miguel Paulista, no dia 24 de novembro. A unidade prisional abriga reclusas em regime semiaberto, da Coordenadoria de Unidade Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro), pertencente à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

O projeto envolveu dez reeducandas que participaram da ação de conscientização sobre a questão do racismo. O ponto alto do encontro contou com vídeo da poetisa peruana Victoria Santa Cruz, com o título “Me Gritaram Negra”. Segundo a palestrante, a artista fez referência à experiência do preconceito vivida quando ainda era criança.

Em complemento ao tema proposto, a psicóloga Raquel promoveu uma roda de conversa com leitura e discussão das biografias de outras mulheres negras. A fonte de pesquisa foi o livro “Histórias de ninar para garotas rebeldes”, de Elena Favilli. A publicação retrata a vida de 100 mulheres de coração confiante e o desejo de mudar o mundo.

Segundo a Diretora Geral do CPP, Nívia Seravali, “a realização de ações afirmativas da cultura afro, em especial dentro do cárcere, concorrem diretamente para o fortalecimento da autoestima e reconhecimento étnico”. Ela acrescentou, ainda, que há múltiplos desdobramentos positivos junto ao processo de reintegração.

Para finalizar a ação, a psicóloga promoveu uma oficina de pinturas em desenhos de mulheres negras nos mais diferentes contextos. Parte dessa produção cultural está exposta na unidade prisional do CPP de São Miguel Paulista.

Representatividade

Empregando 31 reeducandas do CPP de São Miguel Paulista, uma grande empresa do ramo alimentício também promoveu ação de consciência negra. Para o encontro do grupo de mulheres do mês de novembro, realizado em Guarulhos, a empresa abriu espaço especial para a Diretora Geral da unidade prisional.

O foco da reunião foi a divulgação das ações de reintegração desenvolvidas pelo estabelecimento prisional. Segundo Nívia, essa foi uma boa oportunidade para falar dos trabalhos de prevenção em saúde, vínculos familiares, atividades educacionais diferenciadas, além das articulações com a rede de serviços e apoio, sem contar a importante preparação para a liberdade que é desenvolvida pelo Centro de Progressão Penitenciária Feminino de São Miguel Paulista.