30/10/12 | Jorge de Souza - Assessoria de Imprensa - SAP

Escola e Sala de Leitura dentro da prisão

CDP de Taiúva tem 100 presos cursando os ensinos fundamental e médio e uma sala de leitura com 4,5 mil livros

Após campanha de doação, sala de leitura do CDP de Taiúva passou de 300 para 4,5 mil livros

Desde agosto deste ano, funciona uma escola dentro do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Taiúva, com cerca de 100 alunos regularmente matriculados. O projeto é fruto de uma parceria entre a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" (Funap) e a Secretaria Estadual de Educação. Para garantir a legalidade dos cursos oferecidos, os presos são cadastrados no portal da Gestão Dinâmica de Administração Escolar (Gdae) , que garante o certificado oficial de conclusão dos ensinos fundamental e médio. Os módulos presenciais (equivalentes ao supletivo) acontecem nas cinco salas de aula da unidade prisional no período da manhã.

“Desde que o CDP foi inaugurado, nós voltamos o foco para a educação dos presos, graças à disponibilidade das salas de aula”, comenta o supervisor técnico, Armando Rubens de Queiroz Mistrelo. “Graças ao portal Gedae, mesmo que o preso seja transferido para outra unidade penal ou saia em liberdade, ele pode continuar estudando exatamente de onde parou, pois a evolução do aprendizado fica registrada”, explica Mistrelo. “Um dado a ser destacado é que nos cursos de nível médio há presos na fila de espera para estudar”, elogia.

Atualmente a “escola” da prisão conta com cinco presos monitores de educação, um monitor da sala de leitura, dois suplentes e dois colaboradores. Há também um aluno estagiário remunerado da Funap, através do Ciee; todos acompanhados pelo funcionário e Coordenador Pedagógico, Carlos Fernando de Aguiar.

Para chegar à condição de monitor de educação, os presos são submetidos a testes teóricos e práticos, que avaliam sua formação e conhecimento a respeito do conteúdo programático a ser lecionado. Outro dado importante é o vínculo de subordinação direta dos cursos com uma escola do estadual, designada pela Diretoria Regional de Educação. Cabe à diretoria desta instituição acompanhar o desenvolvimento de cada aluno e das matérias que estão sendo abordadas em cada disciplina dentro do CDP.

Mente ocupada é oficina do bem

A sala de leitura do CDP de Taiúva foi inaugurada com 300 livros e, com o passar do tempo, se tornou insuficiente para a quantidade de empréstimos solicitados por presos e funcionários da unidade. Como isso foi resolvido? Uma campanha de doação idealizada pela diretoria mobilizou, desde os funcionários, até moradores da cidade e de municípios vizinhos. As doações vieram também de escolas de Taiúva e de outras localidades; Funap, Secretarias da Educação da Cultura de São Paulo, biblioteca do município de Catanduva, colecionadores e Diretoria de Ensino de Jaboticabal também contribuíram. Após a campanha, o número de exemplares subiu para 4,5 mil.

Atualmente são emprestados semanalmente cerca de 70 livros, apenas aos reeducandos de dois pavilhões que participam do projeto piloto. “Estamos viabilizando a logística de empréstimo aos demais raios habitacionais, pois a maioria do acervo ainda esta sendo catalogada e isso demanda treinamento de pessoas para gerir a demanda, explica Mistrelo. “Por enquanto dispomos apenas do coordenador pedagógico, Carlos Fernando, que possui curso oferecido pela Secretaria estadual de Educação e que trabalha como multiplicador de conhecimentos técnicos, de como organizar uma sala de leitura. Nossa expectativa é que dentro de alguns meses todos os presos tenham acesso às publicações”, prevê.

Após fazer a escolha do livro, relacionado em um catálogo, cada preso pode ficar com ele por até 15 dias, prorrogáveis a critério do leitor. Para os funcionários o prazo é o mesmo, mas o volume pode ser retirado da unidade. Autores como Machado de Assis, Euclides da Cunha, Jorge Amado, Jose de Alencar, William Shakspeare, Clarice Lispector, Luis Camões, Tarsila do Amaral, entre outros compõem o acervo.