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09/02/22 | Eliane Borges - Croeste  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

CR de Araçatuba promove 1ª Jornada Literária aos reeducandos

Cadeia: sociedade, educação e leitura. É possível? Com esta temática, o Centro de Ressocialização de Araçatuba realizou a 1ª Jornada Literária da unidade prisional. Idealizada pelos professores Clewerson Willian Lima Santos e Maria Palmira Minholi Dias, da Escola Vinculadora E.E. José Cândido, o projeto visa despertar, incentivar e difundir o hábito da leitura entre reeducandos, proporcionando caminhos lúdicos que levam à compreensão de mundo, novos conhecimentos, interação entre disciplinas e integração entre as turmas de estudantes.

A jornada ocorreu nos dias 3, 4 e 5 de novembro de 2021, na área de convivência do CR de Araçatuba, no horário previsto de aulas, com a realização de debates, palestras, exibição de videoconferências gravadas sobre o tema, roda de conversa, intervenções artísticas e divulgação do livro de contos “O Propósito de Piegas”, produzido pelo reeducando Adenilson Almeida de Souza. A atividade também proporcionou aos participantes conhecerem as ações de incentivo à leitura propostas pela Secretaria de Educação e Secretaria da Administração Penitenciária, por intermédio da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap).

Evento

Abriram a jornada as palavras da Coordenadora Pedagógica da Escola Vinculadora, Fabiana Sônego, chamando em seguida o professor Santos para palestrar sobre o tema do evento. No dia seguinte, os reeducandos assistiram ao vídeo “Por que ler é tão importante quanto trabalhar e estudar?”, com participação do juiz corregedor da comarca de Joinville/Santa Catarina, João Marcos Buch. Depois, assistiram ao vídeo “Sessão de Biblioterapia: O poder transformador da leitura”, produzido pelo Observatório do Livro e da Leitura, mediado por Galeno Amorim. O vídeo conta a história da reeducanda Karen, de 23 anos, condenada a 21 anos e 7 meses de prisão por assalto à mão armada. No cárcere, ela teve contato com os livros e se encantou: leu até agora 35 obras, concluiu o Ensino Médio, fez crochê, bordado, cursinho preparatório para o Enem e agora deseja estudar para ser médica. Karen estava presente na live, juntamente com a Coordenadora da Biblioteca Prisional Farol do Saber, Mary Monteiro, que é também idealizadora do Programa Leitura nas Entrelinhas do Cárcere, e a professora de matemática do CR, Maria Palmira Minholi Dias, que criou o projeto Semeando Literatura.

No último dia, a professora Maria Palmira ministrou sobre “As consequências de um clube de leitura”, e, logo após, um reeducando leu o conto “Contando o causo – Não vi, só ouvi falar”, da obra “O Propósito de Piegas”. A atividade foi mediada pela professora Maria Adriana Silva, pós doutora pela Universidade de Aveiro em Portugal, a qual abordou a construção do livro, o processo de escrita vivido pelo autor reeducando e a revisão final dos escritos originais feitos por ela. Ao final, foi aberto espaço para dúvidas, observações, depoimentos e para a intervenção teatral “Seu Silveira”, inspirada em um dos contos escritos pelo reeducando Adenilson. Silva afirmou que a obra no geral mostra um lado literário e regionalista, deixando registrado que servirá de tema para um próximo artigo científico, o qual ela publicará em parceria com a universidade de Portugal.

Feedback

Os reeducandos fizeram questão de elogiar as ações: “Mesmo com a idade que tenho, acredito que poderei levar um suporte bem melhor ao meu filho de 11 anos, aos meus outros filhos que não gostam muito de ler e a meus netos” (A.D.); “A leitura ultrapassa barreiras, e não existe muralhas e grades que possam impedir.” (C.F); “Tenho certeza de que os clubes de leitura ajudam muito no processo de ressocialização e será um alívio, psicologicamente falando, além de ajudar na formação de pessoas melhores e de cidadãos com consciência do seu papel na sociedade. ” (D.W); “A leitura tira todos os pensamentos negativos de uma pessoa, principalmente em um detento que chega a um presídio, mas com o clube de leitura ele começa a pensar no seu futuro” (CWS); “Estar em programas de leitura é ter alguém que acredita em nós e que somos capazes” (G.M).

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