Texto normalContraste normalAumentar contrasteAumentar textoDiminuir texto Ir para o conteúdo

07/02/22 | Sonia Pestana - Coremetro  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Visibilidade trans: questão de respeito

CDPs Pinheiros II e III promoveram atividades para presas transexuais

O Dia Nacional da Visibilidade Trans 2022 recebeu uma atenção especial em duas unidades do Complexo de Pinheiros: nos Centros de Detenção Provisória (CDPs) II “ASP Willians Nogueira Benjamin” e III. Múltiplas ações trataram dos mais diferentes aspectos com as presas trans das unidades. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), por meio da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro), apoiou a iniciativa.

Com um reconhecido trabalho com o público trans, os CDPs buscam garantir a Resolução SAP 11, de 30 de janeiro de 2014, que dispõe sobre a atenção às travestis e transexuais no âmbito do sistema penitenciário. Entre esses direitos, está o uso de corte de cabelo e de roupa íntima de acordo com a identidade de gênero, uso de nome social em documentos e, quando requisitado pelos próprios interessados, cela ou ala específica para os (as) presos (as) transexuais nos presídios, de forma a garantir sua dignidade, individualidade e adequado alojamento.

Valorização humana

Para esse ano, a unidade de Pinheiros II reservou o dia 28 de janeiro para a ação “Trans Formar” que teve a proposta de transformar o cidadão, reconhecendo suas virtudes. A iniciativa foi liderada pelos servidores Adriana Godinho, Ana Maria Bezerra, Gabriela Marinho e Rogério Moreira, com atendimentos de saúde por meio de teste rápido para detecção de HIV e sífilis, confecção de Registro Geral (RG) com nome social com o Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD).

Paralelamente a isso, a professora Nilda Sanches, da Escola Vinculadora da rede estadual “Romeu Moraes”, deu início ao projeto “Emoções – Como eu me vejo”. Segundo ela, a ideia é desenvolver rodas de conversas que promovam a expressão dos sentimentos.

O Diretor Geral substituto da unidade, Ernani Izzo, destacou a importância de poder contar com um corpo funcional interessado em proporcionar às reclusas trans momentos de alegria, de conscientização e, principalmente, de valorização humana. Nesse sentido, as presas trans N.O. e R.C.S., ambas no CDP Pinheiros II, concordam com o diretor e declararam que educação e respeito criam um ambiente acolhedor. A ação de visibilidade trans pegou a reclusa E.F.R. de surpresa. Ela destacou que não imagina encontrar prática semelhante no sistema prisional.

Práticas de inclusão

No período de 26 a 28 de janeiro, o CDP III de Pinheiros promoveu a 3ª edição da Semana de Visibilidade Trans com o objetivo de discutir a questão da população transexual e travesti privada de liberdade. A ação contou com diversas atividades, como atendimentos de saúde, palestras e ações sobre empregabilidade e cidadania trans, inclusão, cuidados com a beleza e sessão de cinema.

A exemplo do que oferece na rede municipal da cidade Caieiras, a professora Herbe Discórdia promoveu a oficina “Cozinhando com a Discórdia”, de confecção de pirulitos de chocolates, como forma de garantir uma fonte de renda após cumprimento de pena. Já Larissa Rangel, do Centro de Apoio e Inclusões Sociais (Cais), do município de Francisco Morato, tratou da capacitação e empregabilidade.

Dentre as demais atividades de inclusão, destacam-se a distribuição de sutiã, calcinha, itens para prevenção sexual e a testagem para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Além de ação de beleza realizada pela Organização Não Governamental (ONG) Transformações, parceira do CDP desde a primeira ação de visibilidade trans, que acolhe jovens Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis, Transgêneros, Queer, Intersexuais e Assexuados (LGBTQIA+) em situação de vulnerabilidade. Servidores da unidade também se encarregaram de emitir RGs com inclusão de nome social a quem solicitou a alteração.

Às reeducandas dos CDPs houve distribuição de preservativos, máscaras de proteção facial na cor rosa, doadas pela Universal nos Presídios, e kit de higiene, fornecido pela Igreja Batista, além de itens de maquiagem.

Os eventos de visibilidade trans no complexo de Pinheiros contaram com presença de diretores da Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania (CRSC), por meio de Diego Ferracini Lacerda, do Grupo de Capacitação, Aperfeiçoamento e Empregabilidade (Gcai), e de Maria Aparecida Gobato Castro, do Grupo de Ações de Reintegração Social (Gars), que destacaram que a exclusão é a responsável pelas grandes fragilidades sociais.

aasassa
Topo