Texto normalContraste normalAumentar contrasteAumentar textoDiminuir texto Ir para o conteúdo

19/01/22 | Sonia Pestana - Coremetro  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Teatro e coral na PFS trazem esperança de dias melhores

Penitenciária incentiva educação por meio da cultura

Cerca de 100 reclusas da Penitenciária Feminina Sant’Ana (PFS) se uniram para proporcionar um momento de confraternização em forma de teatro, coral e música tendo como palco os pavilhões habitacionais. A atividade contou com apoio da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro), da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

De acordo com a Diretora de Núcleo de Educação da PFS, Raquel Ferreira, as ações que marcaram o encerramento do ano letivo trouxeram um convite à reflexão do que foi realizado no período que se findou, sem deixar de lado a esperança de dias melhores.

As apresentações de teatro e coral foram feitas dentro do projeto “Escolinha do Pavilhão”, que foi criado em função da pandemia para auxiliar as reeducandas em situação de analfabetismo a desenvolverem a capacidade de leitura, escrita e cálculos matemáticos simples. Já o musical, este foi o resultado de uma iniciativa das próprias sentenciadas com apelo ao coração de cada uma na assistência.

Retratos da vida

Na “Escolinha” quem diria, Tarsila do Amaral, pintora e desenhista, marcou presença entre as mais de 70 sentenciadas atendidas. A encenação da vida da artista foi o ponto alto do encerramento do ano letivo.

Em complemento, a atividade contou com apresentação de coral composto por 48 vozes. Juntas elas entoaram a música “A Paz”, uma versão do grupo Roupa Nova para a música “Heal the World”, de Michael Jackson.

Enquanto isso, em outro pavilhão habitacional, 27 reclusas se uniram para montar o musical “Tabernáculo do Senhor: Estrela do Amanhã”. Graças a um arranjo especial da unidade, toda a população prisional teve a oportunidade de assistir a montagem que trata da luta do bem contra o mal, num total de seis apresentações.

Com olhares fixos nas personagens, as sentenciadas acompanham as encenações de mensagens carregadas de conselho e carinho como que escritas por familiares e amigos. Foi nesse cenário que as atrizes Yasmin, Evânia, Lucicleide, Hélida, Irenildes, Beatriz, Emmily, em conjunto com as demais integrantes do grupo, fazem um convite especial a cada reclusa para buscar a Deus, não desistirem de seus sonhos e não se desesperarem pois tudo vai passar.

Teatro como ferramenta de ensino

A reclusa V.A.C. é a responsável pelo projeto “Escolinha do Pavilhão”. Contudo, ela nunca imaginou que a prisão despertaria nela a vocação para a educação. Quando estava fora do sistema prisional, ela estudou até o 5° semestre do curso de enfermagem. Nos dias atuais, porém, a sentenciada é a responsável por essa iniciativa educacional no pavilhão e a rotina de educadora mudou seu pensamento a ponto de incluir nossos planos de estudos para quando em liberdade.

Dentre as atividades desenvolvidas na escolinha está o estudo de personalidades brasileiras com histórias fascinantes. Nessa ação, as reclusas são convidadas a pesquisar os detalhes da vida de cada personagem e reproduzir tudo isso em forma de teatro. Na primeira edição, a escolhida foi a escritora Cecília Meireles. E para fechar o ano, o foco ficou com Tarsila do Amaral.

Para Raquel, a escolha de mulheres guerreiras, como Cecília e Tarsila, traz exemplos de pessoas que transformaram a angústia, o isolamento, a solidão, o abandono e algumas perdas em poesia e obras de arte. “Abordar o tema com mulheres privadas de liberdade proporciona a reflexão e o desejo de transformar sua própria história em algo fascinante”, resumiu.

Na opinião da reclusa S.M.S., o teatro facilita o aprendizado. Já G.N.S, que está no projeto desde o início, destacou que, por estudarem cada aspecto da vida da personagem, acabam falando dela como se fosse uma grande amiga.

aasassa
Topo