04/01/22 | Marcus Liborio – CRN  |  Compartilhe                    
Estevão dos Santos ganhou na modalidade ‘Inclusão’ ao retratar igualdade de tratamento para todas as pessoas
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Iniciativa para inscrição no torneio surgiu da professora Rita Oliveira, que celebra a consquista de Estevão
“Escola do futuro: igualdade”. Esse foi o tema da obra produzida pelo detento Estevão Roberto Jacinto dos Santos para o Concurso de Desenho 2021 - Educação Especial. A arte, que ilustra uma rotina escolar em que todos são tratados de forma igual apesar de suas limitações mentais ou físicas, foi a vencedora do torneio estadual na modalidade “Inclusão”. “Essa conquista me fez perceber que estou vivo e posso realizar outras coisas”, celebrou o interno do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) I “Dr. Alberto Brocchieri” de Bauru.
É a segunda vez que a unidade prisional participa do concurso promovido pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc), destinado aos estudantes dos ensinos Fundamental e Médio da rede pública estadual. Estevão comemora o triunfo, uma vez que os desenhos selecionados em cada categoria ilustrarão o documento da Política de Educação Especial do estado e ganharam exposição virtual com apresentação das artes finalistas e vencedoras.
CONCEITO
A iniciativa para inscrição no torneio surgiu da professora Rita Aparecida de Oliveira, que atua no CPP I de Bauru. Ela apresentou o edital aos alunos e 41 decidiram participar. Em princípio, Estevão não queria se inscrever, mas mudou de ideia ao se lembrar de uma tia acometida pela Síndrome de Down – quando a criança apresenta desenvolvimento físico, mental e intelectual mais lento que as demais.
“Então refleti sobre ela, pensei na medicina, em melhorias para as pessoas com deficiência e decidi fazer o meu desenho em cima desse conceito. Ser deficiente nos tempos atuais, diante de tanta tecnologia, contribui para diminuir as diferenças”, destaca o interno, que desenha desde criança, incentivado por um tio.
“Ao ver o meu desenho, podemos observar o deficiente participando de atividades antes não possíveis de serem vivenciadas. Pensei na igualdade de tratamento para todas as pessoas, independentemente de sua incapacitação e deficiência, e também na possibilidade de a ciência igualar as condições através da tecnologia medicinal”, detalha, ao explicar a sua obra.
EMPENHADO
Para a professora Rita, explorar o assunto leva os reeducandos a compreender as deficiências inseridas na Educação Especial, o respeito à diversidade e à vida em coletividade. “Minha motivação e visão como docente é que qualquer pessoa tem por obrigação contribuir para um mundo melhor e, para tanto, deve inspirar outras pessoas, independente de quem seja”, destaca.
Segundo o diretor do Centro de Trabalho e Educação (CTE) do CPP I de Bauru, Gilmar Henrique Fragozo, Estevão é um aluno bastante empenhado em suas atividades e demonstra interesse em mudar de vida. “Ao vencer o concurso, ele ficou ainda mais determinado nesta proposta de buscar nova atitude que o faça melhor do que quando veio para o presídio”, finaliza Fragozo.