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08/11/21 | Sonia Pestana – Coremetro  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Oficina ensina técnicas de cinema para presas do Centro de Detenção Provisória de Franco da Rocha

Durante as aulas, reclusas encenaram partes de suas próprias vidas

O Centro de Detenção Provisória (CDP) Feminino de Franco da Rocha foi palco da VI Mostra de Cinema da Mulher, promovida pelo Coletivo Baciada de Mulheres do Juquery. De 19 a 22 de outubro, 20 reeducandas do CDP participaram das oficinas de cinema para a produção de um minidocumentário sobre mulheres em situação de encarceramento, a ser apresentado dia 9 de dezembro no próprio CDP. O evento contou com o apoio da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro).

De várias formações e origens, porém convivendo no dia a dia do CDP, as reclusas Elienai, Bruna, Bárbara, Larissa, Damaris, Sabrina Gabriela, Sabrina Cristina, Margarete, Alessandra, Jéssica Santos, Jéssica Souza, Dione, Jennifer, Elaine, Joyce e Dayane fizeram relatos carregados de emoção e de verdades sobre suas trajetórias. Parte desses relatos compõem o documentário produzido pelo coletivo, onde as reclusas agradecem por serem ouvidas e pela oportunidade de contarem suas histórias de vida, explicando que não são meros artigos, mas sim mulheres que são mães, filhas e irmãs que erraram na vida.

Meire Ramos, uma das idealizadoras e produtora da Mostra de Cinema, disse que o objetivo da oficina foi auxiliar na compreensão da realidade carcerária feminina e suas demandas. De acordo com ela, o Coletivo Baciada quer promover uma reflexão da população em geral com relação às narrativas das mulheres presas. “Acreditamos que a atividade contribuiu para o fortalecimento da autoestima, pensamento crítico acerca da realidade e emancipação feminina das mulheres atendidas”, resumiu.

Além de Meire, participaram do projeto a cineasta e facilitadora da oficina de cinema Mariana Moura e as assistentes Ana Nascimento e Luciene da Costa. Juntas, destacaram que a ação no CDP foi uma experiência que trouxe muitas reflexões, mas sobretudo, a certeza do quanto o cinema pode transformar vidas.

Via de mão dupla

Para Mariana, os quatro dias com as reclusas deu um novo significado à sua trajetória de vida. Segundo ela, seu papel foi facilitar os caminhos da aprendizagem, contudo, diz que saiu dessa experiência com a nítida sensação de ter aprendido muito mais com cada participante do que efetivamente ensinado. “Todos os dias foram preenchidos com muita dedicação e trocas que enriqueceram o processo de produção e gravação do curta. Vale destacar que tudo foi pensado, produzido, dirigido e filmado por elas”.

Segundo a cineasta, o cinema tem o poder de abrir o portão de uma grande muralha. “Logo no primeiro dia, ouvi histórias de vidas que anseiam por mudança, por dignidade, por respeito, por dias melhores para elas e suas próximas gerações. Fiquei arrepiada com as narrativas, todas carregadas de muita força”, explicou.

Adesão ao projeto

Ao longo do aprendizado, as reclusas no CDP Feminino demonstraram em ações o apoio ao projeto. De forma descontraída, elas deram conta do recado durante as aulas práticas, dominando como poucas as técnicas de filmagem e direção. E não foi só isso: juntas, elas criaram a trilha sonora do curta.

Uma das composições é da reclusa Jeniffer. No refrão ela diz “muda essa visão que te levou para trás das grades” funciona como um apelo às demais companheiras de cela, já que retrata a necessidade de mudança de vida e de foco, com o firme conselho para que esperem com paciência e nunca desistam.

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