Texto normalContraste normalAumentar contrasteAumentar textoDiminuir texto Ir para o conteúdo

01/10/21 | Veruska Almeida - GQVidass  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Quantas vezes durante a sua vida você se olhou no espelho e se colocou no lugar de alguém?

Dia Nacional da Doação de Órgão - a campanha Setembro Verde tem o intuito de conscientizar a população sobre o tema

Muitas vezes levamos uma vida inteira para vermos quem está ao nosso lado, muitas vezes nunca alcançamos esse objetivo. Contudo, apenas nos colocando no lugar do outro poderemos entender o verdadeiro significado da palavra empatia.

Foi pensando nisso e para marcar o Setembro Verde, mês de conscientização sobre a doação de órgãos, que contamos a história de servidores que viveram esta experiência, mas que muitos ainda não puderam conhecer.

Há oito anos, Carlos Alberto Couto Giannico, Agente de Segurança Penitenciária, acredita que Deus lhe deu uma segunda chance na vida e um propósito para poder contar sua experiência e influenciar as pessoas a se cuidarem melhor.

Tudo começou ao perceber que uma parte de seus olhos, em volta, estava amarelada. Com um histórico familiar de problemas no fígado, procurou um médico que confirmou que havia problemas com o órgão. Com o tempo, o quadro piorou: houve um emagrecimento expressivo e a entrada na lista para transplante.

Contudo, mesmo ansioso pela espera, ele nunca perdeu a fé, afinal “Deus é quem sabe”. Após três anos e uma piora expressiva no quadro, ele foi para o primeiro lugar na lista de transplante. Foi então que em 03/07/2013, um jovem de 19 anos que havia sofrido um acidente de moto teve seus órgãos doados e pode salvar sua vida.

“Doar é um ato de amor ao próximo, pois com a doação se pode salvar muitas pessoas que necessitam de um órgão, seja ele qual for”, explicou Giannico.

Hipertensa desde os 20 anos, Kelly Cristina Oliveira Melo, 38 anos, Agente de Segurança Penitenciária, teve uma surpresa não muito feliz ao entregar seus exames admissionais na Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). O médico na consulta logo lhe perguntou se já fazia hemodiálise, pois ela tinha apenas 35% da função renal.

Após o choque inicial, ela começou seu tratamento com o especialista, mas todas as vezes que ficava doente, por menor que fosse o quadro clínico, sua função renal diminuía. Foi então que, em 2017, com apenas 9% da funcionalidade dos rins, ela entrou na fila para o transplante.

Em 2018, na posição 2441 da fila de espera, houve mais uma piora e teve início assim a hemodiálise. Neste ponto, alguns órgãos já tinham sido afetados, como o pâncreas e o coração. Na posição 1432, em uma espera angustiante, não dava mais para aguardar e um doador vivo teve que ser encontrado. Três pessoas fizeram o teste de compatibilidade, o pai, a mãe e uma amiga, todos eram compatíveis, sendo então a mãe a escolhida.

A notícia da doação foi um momento de muita esperança e felicidade pois, muitas pessoas, entre elas sua mãe, acreditavam que não existiam critérios e segurança na doação, sendo possível a retirada dos órgãos sem a devida segurança e testes necessários. Contudo, foi com a situação da filha que ela entendeu que a espera pela partida do outro pode ser a salvação para as pessoas que sofrem anos em uma fila.

“Em 2013, Chiquinho Scarpa fez um alvoroço nas mídias dizendo que iria enterrar seu carro que valia mais de um milhão de reais. A ação deixou todos abismados, mas quando todos estavam reunidos ele disse a razão do ato, pois todos os dias milhões de pessoas no mundo morrem e são enterradas com seus bens mais preciosos (seus órgãos), contudo, qual é o valor de se enterrar estes “bens”, questiona. “Eu compartilho da mesma opinião. Eu poderia não estar aqui hoje contado minha história, conheci várias pessoas que não estão mais aqui. Então não deixe para depois, torne-se um doador de órgãos, tecido, medula e sangue. Autorizem a doação de seus entes, é um momento de muita dor, mas lembrem-se que existem milhares de pessoas esperando a oportunidade de terem qualidade de vida, para aproveitarem as coisas simples da vida como beber um simples copo de água”, contou Kelly.

Doar é um ato de amor

Dizer “sim” após a perda de alguém pode ser doloroso, mas também pode mudar a vida de muitas pessoas que esperam por um transplante. É uma ação pode salvar vidas. Um único doador pode ajudar até oito pessoas. Ser um doador de órgãos é um ato de amor e solidariedade, sendo fundamental que a família tenha ciência do desejo da doação.

É apenas após a comprovação da morte cerebral que um indivíduo pode ser um potencial doador, seja de córneas, rins, fígado, coração, pulmão, pâncreas entre outros órgãos e tecidos. Deve-se observar, ainda, que a legislação brasileira é uma das mais seguras com relação aos transplantes, pois há a exigência de duas avaliações clínicas por médicos diferentes e um exame complementar que mostra ausência de fluxo cerebral e atividade elétrica. E mesmo com todos os trâmites o Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo. Cerca de 90% dos transplantes no país são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Não se pode deixar de dizer também que é possível ser doador em vida, sem comprometer a saúde. Nesses casos, a pessoa doa tecidos, rim e medula óssea. Ocasionalmente, também é possível doar parte do fígado ou do pulmão.

aasassa
Topo