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29/09/21 | Mariana Amud – Coremetro  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

CDP II de Pinheiros inaugura ateliê do projeto “Mãos com arte, mãos livres”

Espaço agregará a troca de conhecimento de diversas atividades manuais

Entre agulhas de crochê, linhas, telas, tintas e peças de madeira, as mãos de reeducandos do Centro de Detenção Provisória (CDP) II “ASP Willians Nogueira Benjamin” de Pinheiros têm transformado arte em solidariedade. O estabelecimento penal localizado às margens do Rio Pinheiros é subordinado à Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro), da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

A unidade, que também abriga público LGBTQIA+, já possui um histórico de produções artesanais para doação a casas assistenciais, agora passa a contar com uma sala dedicada à formação de novos artesãos. O espaço do projeto “Mãos com arte, mãos livres” agregará trabalhos de crochê, pintura em tela e tecido, macramê e marcenaria com pirogravuras.

Na inauguração, realizada no último dia 17 de setembro, estiveram presentes os servidores responsáveis por implementar a iniciativa, os diretores Adriana Godinho e Rogério Santos que têm o apoio do dirigente substituto, Ernani Izzo. A ação também contou com os convidados Mauro Bitencourt, responsável pela Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania (CRSC), Diego Ferracini, diretor do Grupo de Capacitação, Aperfeiçoamento e Empregabilidade da CRSC, Evaldo Barreto e Anderson dos Santos diretores dos CDPs de Pinheiros III e IV, respectivamente.

Agentes multiplicadores

Antes mesmo da idealização da nova sala, reeducandos (as) já se dedicavam à produção de peças de crochê que serão doadas à Casa Maria Helena Paulina. Com apoio de servidores e ex-servidor do CDP, e do representante da Igreja Universal nos Presídios (IURD), Pastor Almir, que ofereceram novelos e agulhas, mais de cem cachecóis foram produzidos por 22 artesãos e 150 aprendizes.

Neste novo espaço de artes, criado a partir do interesse da população prisional em aprender e da oportunidade vista pelo corpo funcional em capacitá-la, reeducandos (as) participarão de oficinas dadas por outros reclusos. Dentro dos raios habitacionais, os alunos atuarão como multiplicadores de conhecimentos.

Segundo a servidora Adriana, que batalhou para que o projeto saísse do papel, é satisfatório ver a dedicação e o entusiasmo dos reeducandos envolvidos. Na área dedicada ao artesanato, cada dia da semana terá uma atividade diferente, visando “evitar que eles fiquem ociosos por muito tempo”, ressaltou a servidora.

Para C.N.M., que aprendeu a fazer crochê dentro do CDP, “dá alegria ensinar e ver outras pessoas produzindo também”. Entre pontos altos, baixos, caranguejo e pipoca, o reeducando produz de bonés a tapetes, gosta de seguir os gráficos e é curioso em saber das novidades da área.

Trabalho afetivo

Em fala aos participantes, Ernani Izzo enfatizou que o ateliê é uma forma de reconhecimento ao bom comportamento e disposição dos reclusos em se dedicarem a uma ação positiva. “Precisamos da cooperação de vocês para uma produção bonita e harmoniosa. A ideia é trabalhar a sensação de fazer sempre o bem em prol de seus semelhantes”, completou o diretor substituto do CDP.

As reclusas trans V.S. e J.M. têm histórias parecidas de contato com a arte. Ambas aprenderam a crochetar ainda jovens e dizem se lembrar das mães enquanto tecem os fios. Para V.S., a participação na iniciativa é uma amostra do seu desejo de mudar. “Apesar de ter cometido um delito, estou tentando fazer a minha parte, mesmo que pequena, nisso tudo”, ressaltou.

Ainda que de forma artesanal, J.M diz que “é uma responsabilidade fazer tudo certinho, com perfeição”. Voltadas para a doação a casas de assistência social, os trabalhos buscam dar “esperança de vida a quem recebe esse presente”, finaliza V.S.

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