Texto normalContraste normalAumentar contrasteAumentar textoDiminuir texto Ir para o conteúdo

12/07/21 | Daisyane Mendes – Corevali  |  Compartilhe Facebook      Twitter      Whatsapp      Linkedin      Enviar por e-mail

Reeducando adota cadela do canil da PI de Tremembé

Prestes a conquistar a liberdade, detento foi autorizado a levar a cachorrinha Kelly para casa

“Os excluídos cuidam dos excluídos”. É assim que Márcia Toledo, membro do Conselho da Comunidade de Taubaté, define o trabalho que acontece no canil da Penitenciária “Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra”, a PI de Tremembé.

A unidade prisional ressignificou a amizade entre um reeducando e uma cadela no dia 18 de junho. Marinaldo Ferreira dos Passos, de 40 anos, conseguiu realizar o sonho de adotar Kelly, uma cadelinha sem raça definida abrigada no canil da PI de Tremembé. Ele cumpre pena no local desde 2018 e atualmente está em regime semiaberto. Por isso, celebrou a adoção da peluda em casa, com sua família, durante a última saída temporária.

Kelly chegou no canil da PI há oito meses. Assim que viu Marinaldo pela primeira vez, ela “fez festa”, pulou e começou a brincar com ele. A amizade entre os dois foi instantânea e natural, um amor genuíno à primeira vista. Ela é meiga, mansa, carinhosa e muito amigável. Com facilidade, conquistou o coração do detento que sempre teve vontade de adotar um cãozinho. Em pouco tempo, o reeducando fez uma promessa à amiga de quatro patas: “Vou tirar você daqui. Vou levar você embora comigo”, disse ele para sua futura pet.

Marinaldo está recluso no estabelecimento penal de Tremembé há três anos e três meses. Ele também cumpriu parte de sua sentença em Potim. No sistema carcerário, desenvolveu diversos trabalhos que o ensinaram diferentes ofícios, como de pintor, tapeceiro, padeiro, pedreiro e, por fim, cuidador de animais. Ele conta que, no canil, encontrou um projeto gratificante e que o contato com os animais só trouxe conhecimento e alegria. “Agradeço muito essa oportunidade, estou muito feliz. Além de aprender e ganhar a remição de pena com esse trabalho, estou ajudando aqueles cachorros. Estou aprendendo uma profissão que posso usar lá na frente, fora do cárcere. Os cães ensinam muito, mesmo sem falar nada”, diz Marinaldo, que deve progredir para o regime aberto em agosto deste ano.

Para o diretor da PI de Tremembé, André Luiz Bolognin, a atividade no canil é uma importante ferramenta para a reintegração dos sentenciados na sociedade. “Essa ação contribui efetivamente com a ressocialização dos reeducandos, priorizando a humanização, o desenvolvimento da afetividade, além dos aspectos morais e éticos”, diz.

Parceria que torna o projeto viável

O canil possui uma área de 335,55 m² dentro da unidade prisional, e tem capacidade para abrigar 200 cães. O lugar, hoje, conta com 63 animais que recebem os cuidados de cinco presos.

Os detentos são responsáveis pelo banho dos peludos, alimentação, tosa, corte de unhas e manutenção de todo o espaço físico do abrigo.

O projeto consiste em uma parceria entre a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), a Vara de Execuções Criminais de Taubaté, o Conselho da Comunidade do município e a Prefeitura. A administração municipal proporciona o suporte material, insumos e atendimento veterinário semanal para a realização da iniciativa. O Conselho cuida para que todas as demandas sejam atendidas.

Cachorros em situação de rua ou abandono, após receberem a atenção do Centro de Zoonoses da cidade, são encaminhados para o canil da PI depois de castrados, vacinados e vermifugados. Os patudos já chegam no local aptos para a adoção.

aasassa
Topo