25/05/21 | Daisyane Mendes - Corevali  |  Compartilhe                    
Sentenciados que trabalham no plantio ganham redução de pena e fomentam produção própria em penitenciárias
Clique para ver mais fotos
Pressione para ver mais fotos
Reeducandos trabalham na horta da P1 de Tremembé
Três unidades prisionais da região do Vale do Paraíba e Litoral Norte conseguem produzir juntas mais de 800 quilos de alimentos com o trabalho desenvolvido em hortas locais. Os custodiados preparam o solo, plantam e colhem uma grande variedade de verduras, legumes e temperos que ajudam a compor o cardápio da população carcerária dos estabelecimentos penais e seus servidores.
No Vale do Paraíba, 20 reeducandos da Penitenciária I “Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra” de Tremembé cultivam em média 1.500 pés de mandioca por semana, além de hortaliças e alguns temperos. Alface, almeirão, couve, mandioca, cebolinha, salsinha, coentro e manjericão saltam aos olhos na horta da unidade.
“Os reeducandos se sentem produtivos ao mesmo tempo em que são condicionados a ter responsabilidade, pois a horta necessita de cuidados diários. Isso colabora com a conscientização e ressocialização do apenado que um dia retornará à sociedade”, explica o diretor da PI de Tremembé, André Luiz Bolognin.
A Penitenciária II “Dr. José Augusto César Salgado” de Tremembé tem um grande acervo de produtos em seu plantio orgânico: alface, escarola, couve-manteiga, repolho, cenoura, quiabo, batata doce, mandioca, berinjela, beterraba, rúcula e especiarias em geral (como a salsinha, cebolinha, coentro, sálvia, manjericão, erva-doce, erva-cidreira, orégano e pimentas) forram o campo de trabalho de pelo menos 14 sentenciados.
“Ocupamos os reclusos de maneira digna, para que possam aproveitar esse aprendizado na vida pós cárcere”, afirma o diretor de Trabalho da unidade, Eugênio Carlos Campos Basso. “O quem planta, colhe, nunca fez tanto sentido como agora”, acrescenta a diretora do Centro Administrativo da PII de Tremembé, Rosecleis Gonçalves, servidora diretamente envolvida na atividade. A iniciativa tem gerado bons resultados, pois apresenta novos valores de vida aos detentos. “A semente esconde em si frutos que com esforços e fé, se revelam não só em forma de alimento, mas também de esperança”, complementa o Diretor da PII de Tremembé, Antonio Donizeti Cardoso.
No Litoral Norte, o Centro de Detenção Provisória (CDP) “Dr. José Eduardo Mariz de Oliveira” de Caraguatatuba conta com 53 canteiros que desenvolvem vários tipos de alface, como a lisa, americana, Mônica e crespa. Também se adaptaram ao clima da região a couve- manteiga, o agrião e a rúcula. Aproximadamente 150 pés de hortaliças são colhidos pelas mãos de quatro reclusos que cumprem pena no local.
O CDP também se destaca no uso de um adubo especial, feito de compostagem (conjunto de técnicas usadas para estimular a decomposição de materiais orgânicos). O processo é realizado com restos de alimentos que foram descartados na cozinha dos detentos. Além disso, uma servidora faz uma doação sazonal de um fertilizante que é aplicado nas mudas cultivadas na unidade. Funcionários do CDP também doam sementes para a produção.
“Da valorização do contato com a terra de forma consciente até o reaproveitamento das sobras, todo o processo é transmitido de forma muito sustentável”, afirma o diretor do CDP de Caraguatatuba, Alan Carlos Scarabel de Souza.
A atividade no solo ainda impacta na remição de pena. “A cada três dias de trabalho, um dia é descontado do total da pena”, afirma Bolognin.