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17/03/21 | Kelma Jucá - Corevali

CDP de Taubaté abriga projeto ‘Gaiolas do Bem’


O canto livre de passarinhos que moram nas árvores ao redor da unidade prisional dita a trilha sonora. De duas salas improvisadas, e que mais parecem um ateliê, quatro detentos imprimem um novo significado aos objetos que, até então, eram as prisões de pequenas aves.

Desde outubro do ano passado, o Centro de Detenção Provisória “Dr. Félix Nobre de Campos”, o CDP de Taubaté, hospeda o projeto “Gaiolas do Bem”. A proposta já transformou e remodelou quase 200 gaiolas apreendidas pela Polícia Ambiental com animais silvestres na região do Vale do Paraíba.

A ideia é dar utilidade decorativa às gaiolas que, inicialmente, ficavam sem função na Fazenda Renópolis, área de reserva para tratamento e soltura de animais silvestres apreendidos ou resgatados, localizada no município de Santo Antônio do Pinhal.

O trabalho de pintura e reconfiguração das gaiolas foi levado para o sistema prisional por intermédio de Marcia Toledo, representante do Conselho da Comunidade à frente do projeto. “As gaiolas são transformadas para serem usadas como decoração para colocar frutas para os pássaros virem e irem. Exatamente o oposto daquilo que elas foram construídas”, explica. “Os presos estão ‘desengaiolando’, mudando o contexto de aprisionamento para liberdade”, poetiza Marcia.

O comércio dessas peças retrabalhadas artesanalmente é de reponsabilidade do Conselho da Comunidade do Departamento Estadual de Execução Criminal (Deecrim)/9ª RAJ (Região Administrativa Judiciária). Parte do dinheiro arrecadado com a venda é destinado para a Fazenda Renópolis para ajudar no tratamento de animais resgatados; a outra parte vai para a manutenção do próprio projeto, como aquisição de tinta, lixa, pinceis e outros itens. Os detentos recebem remição de pena pelos dias trabalhados, além de ganharem um espaço sugestivo para reflexão.

“Eu pedi para minha mãe soltar os seis canários que a gente tinha, depois que comecei esse trabalho”, revela o detento Danilo, de 26 anos, enquanto pinta cuidadosamente de azul – da cor do céu – uma gaiola. Nesse momento, a voz do jovem recluso compete com o som animado de passarinhos do lado de fora do presídio.

Melhoria contínua

As gaiolas chegam na unidade prisional e passam por processo de limpeza, remodelagem e pintura. As cores são aplicadas e oferecerem bom gosto e alegria aos objetos. Ao todo, 180 gaiolas já foram modificadas pelos quatro detentos participantes do projeto. Uma das inovações mais recentes é a lapidação em sabonetes que dá corpo e forma a passarinhos, que, mais tarde, ocupam os poleiros das “gaiolas do bem”.

“Toda atividade desenvolvida dentro de uma unidade prisional traz inúmeros reflexos na vida da pessoa presa. Uma das principais é a autoestima, uma vez que a pessoa em atividade se sente útil e ‘sai’ da rotina do cárcere, assim, ela fica mais feliz, calma e participativa”, garante o diretor geral do CDP de Taubaté, Claudio José do Nascimento Brás.

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