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16/04/20 | Amanda de Oliveira e Fernanda Nagliati - CRC

Cresce o número de beneficiados com a remição de pena pela leitura na CRC

Leitura promove bem-estar emocional e ainda pode diminuir a condenação a qual a pessoa foi sentenciada

“Quem gosta de ler não morre só”. Essa é uma frase atribuída ao escritor Ariano Suassuna, mas que faz parte da vida de todos que praticam a leitura. Um livro, além de ser uma companhia, pode trazer qualidade de vida para a pessoa, além de cultura e entretenimento.

De acordo com uma publicação no blog Conti Outra, a leitura ainda traz mais benefícios para a saúde: é possível dormir melhor, reduzir o estresse, se encorajar na hora de ir em busca dos sonhos, melhorar a depressão, estimular a empatia, melhorar as atividades cerebrais, enriquecer a cultura e acaba até sendo uma 'terapia'.

Além destes benefícios, é possível afirmar, também, que a leitura liberta. Por meio dela, o leitor pode viajar e conhecer ambientes novos sem sair do lugar. Pode viver e sentir por meio de histórias com as quais a pessoa se identifique.

É assim que uma das participantes do Clube da Leitura, na Penitenciária de Mogi Guaçu, se sente. Ela tem 35 anos e sempre após o trabalho corre para um único lugar: a biblioteca. A sentenciada está presa por tráfico de drogas e vê na leitura uma oportunidade de ganhar o que ela mais almeja: a liberdade do cárcere. Questionada sobre o livro que mais gosta, ela não hesitou em responder: A Escolha, de Nicholas Spark.

Ela disse que se sente livre, entra no mundo da personagem e aprende muito com ela. Além disso, reflete sobre as escolhas e suas consequências e como estas podem afetar outras pessoas.

Na Coordenadoria das Unidades Prisionais da Região Central (CRC) há 31 unidades que participam de programas que oferecem aos encarcerados a oportunidade de diminuição da pena, por meio da leitura. Assim, eles podem ocupar o tempo, aprender a ler e interpretar desfrutando de todo o bem-estar que o conhecimento traz ao ser humano.

Um reeducando do Centro de Progressão Penitenciária de Hortolândia (CPPH) disse que quando lê sente paz interior. Ele dedica cerca de quatro horas diárias lendo. A obra que mais se identifica é O Vendedor de Sonhos, do autor Augusto Cury. Com 47 anos, ele está no CPPH há cinco meses, por apropriação indébita. Já leu quatro livros do Clube da Leitura e elaborou três resenhas a fim de ser beneficiado pela remição de pena.

“Quando eu estou no momento de leitura, tenho a sensação de me aprofundar na história e entender de maneira precisa a linguagem. Associo os locais às pessoas, os fatos ocorridos na narrativa de forma a me apaixonar pela leitura, assimilando todas as referências destacadas no livro”, conclui o encarcerado.

Remição pela leitura

Os programas de remição pela leitura são desenvolvidos em um trabalho conjunto com a Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap) ligada à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) em parceria com a Academia Paulista de Letras (APL).

Além disso, há parcerias com universidades e editoras, visando conceder aos encarcerados de bom comportamento a redução da sentença por meio da leitura. Cada livro lido pode equivaler a quatro dias a menos na prisão. Em um ano, os 20 participantes (limite máximo para a participação em cada roda de leitura) leem, discutem e escrevem resenhas de no máximo 12 livros.

Os resumos devem ser aprovados pela comissão organizadora da editora responsável pelo projeto para, então, serem levados aos juízes, que podem ou não aprovar a redução da sentença, conforme recomendação de 2013 do Conselho Nacional de Justiça.

De acordo com dados do Grupo de Trabalho e Educação (Grate) da CRC, em 2019, a quantidade de presos beneficiados aumentou 432% em relação ao ano anterior. Com um total de 581 presos beneficiados em 2019 comparado a 111 de 2018, ou seja, 470 presos beneficiados com a remição pela leitura a mais.

Segundo o diretor do Grate, Bruno Corrêa Múfalo, a oferta de educação no sistema prisional está relacionada às ações de incentivo à leitura e a implantação e restauração das bibliotecas para atender à população privada de liberdade.

Múfalo conclui que os programas de remição pela leitura influenciam positivamente no comportamento individual e em grupo, estimulando a participação no O Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) e no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Fonte: https://www.contioutra.com/15-beneficios-da-leitura-que-podem-triplicar-sua-qualidade-de-vida/

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