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07/04/20 | Sonia Pestana - Coremetro

Leitura: um convite à liberdade

Projeto da Unifesp promove a Remição Penal pela Leitura na Penitenciária de Guarulhos

Há quase um ano, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Guarulhos e Osasco, promove o Projeto Remição Penal pela Leitura na Penitenciária “José Parada Neto”, de Guarulhos. A ação, conta com o apoio da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro) e tem parceria com a editora Companhia das Letras.

A equipe que acompanha o trabalho com os reclusos é composta por seis professores -pesquisadores do curso de Pedagogia da Unifesp e por graduandos de Pedagogia e Direito. Cerca de 80 sentenciados participam do projeto, que prevê três encontros presenciais ao mês com os acadêmicos. Paralelamente a isso, outros 87 leem de maneira autônoma, sem o acompanhamento dos pesquisadores.

Em ambos os casos, os reeducandos podem reduzir a pena em quatro dias por resenha apresentada. De forma prática, no prazo de 12 meses é possível remir até 48 dias.

Via de mão dupla

Para a professora doutora Mariângela Graciano, o projeto abre portas para o ato de aprender a ler e formar leitores, o que, segundo ela, possibilita uma participação ativa dos mesmos na sociedade. A iniciativa também beneficia os estudantes universitários por abrir as portas para a realidade da execução penal.

Visando a inclusão social, a ação atende também os reeducandos sem o domínio da leitura e da escrita. Para os participantes que não possuem habilidades para ler de forma autônoma, a equipe da Unifesp acompanha o grupo de perto em todo o processo, o que inclui a leitura coletiva de obras de fácil entendimento.

Em toda a extensão da Remição Oral, da leitura em grupo até a apresentação para o juiz, a produção é individual. Prova disso, está na captação da resenha da obra por meio de um gravador para registrar o ponto de vista do recluso sobre a obra, sendo esse material também transcrito para compor a remessa ao judiciário.

Experiência própria

O sentenciado A.L.S. revela os ganhos ao participar do projeto. “A leitura fez aumentar meu acervo de palavras, me levou a refletir e pensar melhor e, sobretudo, deu incentivo para eu melhorar como pessoa”, avalia o recluso.

Já M.F.G. diz que a ação veio num momento de fragilidade e que as publicações de autoajuda fizeram a diferença na reconstrução de sua vida. Em quatro anos de prisão ele relata que já leu cerca de 40 títulos. “Os livros mudaram meu pensamento e meu caminho”, garante.

Apesar do pouco tempo de reclusão, A.G.O. diz que o hábito de estudo foi adquirido no sistema prisional. Ele destaca a importância dos livros no dia a dia da prisão.

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