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08/01/20 | Amanda de Oliveira - CRC

Expulso da escola aos 9 anos, preso é aluno destaque do 3º ano do Ensino Médio

Sessenta e quatro reeducandos do CPP de Porto Feliz reescrevem suas histórias por meio da educação

A manhã de sexta-feira, 6/12, não foi comum para Paulo Vieira Maia, recluso no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Porto Feliz. Ele e mais 63 reeducandos escreveram uma nova história por meio da educação, uma porta que ajuda a assegurar a liberdade interior.

Em cerimônia com gestores do CPP e da Escola Estadual Profª Esther Maurino Rodrigues foram entregues aos presos certificados de conclusões dos ensinos médio e fundamental. Além dos certificados, seis alunos foram homenageados por serem destaques. Vieira Maia foi um deles e a escola e a unidade prisional estavam em festa por isso. As portas também foram abertas para que familiares dos formandos pudessem presenciar uma nova etapa da vida dos seus parentes encarcerados.

Naquele dia, Vieira Maia não era só mais um reeducando. Ele era o representante do 3º ano B. Não eram as algemas e as cores marrom e branco (da roupa) que o definiam, mas sim a beca e o capelo. Em seu discurso, ele contou que foi expulso da escola aos 9 anos, na década de 70. A partir daí, começou uma vida no crime, onde aprendeu a traficar, roubar e viver contra os princípios da sociedade. A escola havia se tornado sua inimiga.

Com a voz embargada, o aluno disse que foi no sistema prisional que conseguiu fazer as pazes com o ensino e aquele momento, para ele, significava muito mais que a conclusão de uma fase escolar. Era também o resgate de sua dignidade. Aplaudido pelos colegas, ele encerrou falando sobre fé.

Para o diretor do CPP, Francisco Ricardo Pereira, a formatura foi mais um passo importante no processo de ressocialização. Ele falou ainda sobre o quanto foi gratificante ver os frutos do empenho de todos os envolvidos para resgatar pessoas do cárcere.

Em clima de encerramento do ano letivo houve a despedida de professores que contribuíram com o crescimento dos alunos, da escola e do CPP mas que, a partir daquele momento, não fariam mais parte da equipe. Durante o evento, a banda do projeto Monções, composta por encarcerados, cantou músicas que falam de amor e uma nova caminhada.

Em improviso, o músico, professor e jornalista Eric Zorob, um dos professores, encerrou o seu trabalho na unidade prisional e uniu-se aos reeducandos para cantar a música “Pescador de Ilusões”, do Rappa, deixando a mensagem que vale a pena acreditar e lutar pelos sonhos.

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