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06/01/20 | Amanda de Oliveira - CRC

10ª edição do Café Filosófico reúne 70 encarcerados da Penitenciária de Guareí I

Alunos dos ensinos fundamental e médio discutiram sobre conhecimento humano

A reflexão tomou conta da 10ª edição do Café Filosófico na Penitenciária compacta “Nelson Vieira”, de Guareí I, a 183 km da capital paulista, no dia 7/11. O projeto de filosofia começou em 2014 com a Escola Vinculadora da cidade, “E.E. Coronel Castanho de Almeida”.

A cada seis meses os professores reúnem os alunos em uma das salas de aulas para discutir sobre o tema escolhido com o objetivo de despertar o olhar dos encarcerados para a realidade social, promover a capacidade de criar debates e reaproximá-los da sociedade, por meio do contato com pessoas livres.

Durante o bate-papo, dirigido pelo professor Vinícius Vargens Rodrigues da Silva, os ouvintes permaneceram atentos. O assunto era a dignidade humana e o conhecimento pessoal. A princípio, alguns, visivelmente envergonhados, começaram a partilhar suas experiências pessoais tornando o ambiente com aspecto de um café entre colegas.

O professor Silva ouvia atentamente os comentários e a eles acrescentava o seu conhecimento, falando sobre o mito da caverna, de Platão e citando outros filósofos que acrescentavam informações ao tema discutido. Adepto da filosofia existencialista cristã, ele leciona há quatro anos no sistema prisional, mas esta foi a primeira vez que palestrou no Café Filosófico.

“É uma diferença expressiva”, dispara o professor, comparando o seu trabalho dentro e fora do ambiente prisional. “Há mais disciplina, sensibilidade e busca pelo conhecimento”.

Os estudantes confirmavam as palavras do professor pela maneira que se comportavam. Era possível perceber o brilho no olhar de cada um deles, tentando entender a complexidade humana.

“Esse momento é de reconstrução pessoal e a gente aproveita para refletir nas escolhas que a gente fez”, disse um dos reeducandos.

Outro acrescentou: “Saber que há pessoas que acreditam que a gente pode mudar é muito bom, hoje eu penso nos meus filhos. Eu sei que vou ter problemas pois as pessoas lá fora têm uma visão negativa da gente, mas vamos conseguir”.

O clima era de comemoração, pois a educação, por meio dos esforços da Diretoria do Centro de Trabalho e Educação (DCTE) e da escola, se tornou uma prioridade na unidade prisional, que possui quatro salas de aulas com os ensinos fundamental e médio funcionando.

O Diretor de Trabalho e Educação, Carlos Alberto de Almeida, disse que os resultados obtidos após o programa são significativos, pois é possível notar que os alunos compreendem a proposta, sendo atuantes em todos os aspectos.

“Os reeducandos participam efetivamente do Café, escolhendo até o tema que será discutido. Além disso, os resultados são satisfatórios, uma vez que muitos manifestam interesse em continuar os estudos e aprofundar os conhecimentos”, informa Almeida.

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