28/05/12 | Jorge de Souza - Assessoria de Imprensa - SAP

Um sonho a mais

HCTP de Franco da Rocha promove “Bazar Retalhos dos Sonhos” com artesanato produzido pelos pacientes

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Todos o produtos do bazar são produzidos pelas próprias pacientes do HCTP

“Bazar Retalhos dos Sonhos” foi o tema escolhido pelos diretores, funcionários e pacientes do hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico "Prof. André Teixeira Lima" de Franco da Rocha (HCTP), para uma exposição de produtos manufaturados pelos pacientes, que aconteceu nos dias 16, 17 e 18/5 no espaço especialmente preparado em uma das oficinas de artesanato do hospital.

O Bazar acontece mensalmente e é organizado pelo Núcleo de Terapia Ocupacional, que é o setor responsável pela realização de outras atividades artesanais e profissionalizantes com os pacientes. Por se tratar de uma unidade diferenciada das demais no sistema prisional, as artesãs são as próprias funcionárias que possuem conhecimentos em arte. Ali elas são chamadas de “oficineiras”. Maria José Honório, a Zezé, é funcionária do hospital há 23 anos e usa suas habilidades artísticas para ensinar os pacientes da Colônia Masculina a produzirem cachecois, caixas de MDF decoradas, pintura em tela e tecido, tapetes e outros tantos objetos de uso pessoal e decoração.

Porém, a maior parte dos objetos expostos foi produzida pelas pacientes que fazem parte do Centro Técnico Profissionalizante, local onde são ensinadas técnicas de decoupagem esfumaçante, colagem, craquelê, pátina, bordado, pintura e costura. Esta última com a utilização de máquinas industriais doadas pela Associação Cristã de São Paulo, em 2009. Desde então, a Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" (Funap) faz a manutenção e promoveu treinamento dos funcionários, que ensinam as técnicas para as pacientes.

Produtos exclusivos

Logo pela manhã, a movimentação era grande e os produtos iam, aos poucos, desaparecendo na medida em que as pessoas viam, experimentavam e adquiriam. Apesar de não ser aberto ao público externo, as peças expostas geralmente são vendidas no período em que dura o bazar, conforme explicou a terapeuta ocupacional, Silvana Cristina Oliveira.

“Compro aqui por dois motivos: primeiro porque estou incentivando um trabalho laborterápico e de ressocialização das pacientes e também porque as peças são bem feitas, de muito bom gosto e o principal, são exclusivas. Ninguém mais, além de mim possui outra igual”, orgulhava-se a diretora do Núcleo de Informações Médicas e Jurídicas, Dayclleh Santana, enquanto experimentava uma echarpe tricotada em linha. “Isso aqui, com um vestidinho, não precisa de mais nada”, disse.

A diretora do Núcleo de Saúde do Servidor Penitenciário, da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), Iracema Costa Janson prestigiou a exposição, acompanhada da nutricionista Valéria Aparecida Costa. Elas foram recebidas pelas funcionárias responsáveis pela padaria artesanal – outro projeto desenvolvido com a pacientes no HCTP – e experimentaram os quitutes produzidos especialmente para dar a boas vindas a quem visitava o bazar. “Mesmo estando de folga, venho colaborar para o sucesso do evento”, justificou uma das servidoras que auxiliava na reposição dos pães, bolos e salgados servidos aos visitantes.

Do lado de lá

Nos períodos entre um bazar e outro, tudo que é produzido pelas pacientes no ateliê e nas colônias (masculina e feminina do hospital) é vendido na loja da Funap, “Do Lado de Lá” www.daspre.sp.gov.br, local onde são comercializadas mercadorias produzidas pelos reeducandos do sistema prisional paulista. Metade do dinheiro arrecadado com as vendas é revertido na compra de matéria-prima e o saldo depositado em conta pecúlio das pacientes.

“Nossa produção é pequena, porque o intuito maior é promover terapia ocupacional e não propriamente vender artesanato”, explicou Silvana Cristina. “Se o bazar fosse aberto ao público, certamente não daríamos conta da procura, porque os produtos são realmente de excelente qualidade e feitos um a um pelas pacientes”.

Aventais de cozinha, colcha de retalhos, jogos americanos, estojos escolares e até máscaras de olhos – dessas usadas para dormir em ambientes claros – eram exibidas pelas pacientes-artesãs, que também faziam papel de promotoras de venda. As funcionárias do hospital, Janete Bassani, Sônia Morais, Sônia Sobreiro e Clara Lúcia orientavam as “vendedoras”, de como se portarem diante de um potencial comprador de seus produtos. “Tenho predileção por artesanato, principalmente se tem qualidade e preço bom”, destacou a diretora administrativa da unidade hospitalar, Carla Emerich. Ela acabara de adquirir um jogo de tapetes, dois cachecois e um estojo de maquiagem.

“O objetivo deste trabalho é proporcionar a aprendizagem de técnicas variada, artesanais e profissionais, a mulheres e homens para que no futuro, quando estiverem em processo de liberdade, possam ter ações eficazes no seu contexto de vida e serem reinseridos socialmente através do trabalho e de ações de responsabilidade, com sua vida e de outras pessoas que fazem parte do seu contexto social”, destacou o diretor técnico do hospital, Luiz Henrique Negrão.