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25/10/19 | Marcus Liborio – CRN

CPP de Jardinópolis: ‘fênix’ reconstruída das cinzas

Unidade prisional completa 6 anos e, após motim de 2016, foi totalmente reestabelecida, tornando-se modelo

Fênix é um pássaro lendário da mitologia grega, que morria, mas depois de algum tempo renascia das próprias cinzas. A ave se transformou em um símbolo de força e renascimento. Essa história se encaixa muito bem na trajetória do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Jardinópolis: a unidade prisional completou seis anos no mês passado e, após sofrer um motim em 2016, foi totalmente reconstruída, tornando-se modelo atualmente.

“Resiliência. Essa é a palavra-chave para definir os seis anos do CPP de Jardinópolis. Desde o início, houve muita resistência por parte dos moradores e autoridades para a implantação da unidade na cidade”, conta o Coordenador das unidades prisionais da Região Noroeste (CRN), Carlos Alberto Ferreira de Souza.

O CPP foi inaugurado em 18 de setembro de 2013. Segundo o Diretor do presídio, Evandro Bueno Campanhã, ao assumir o cargo, ele encontrou dificuldades para conseguir apoio externo. “A gente se sentia estrangeiro em nosso próprio país. As portas se fechavam e parecia que essa seria a maior de nossas lutas: quebrar barreiras, preconceitos, resistências e incompreensões”, recorda-se.

Embora o embate tenha sido muito intenso, após o início das atividades no CPP, toda obstinação se dissolveu com o trabalho. “Isso mostrou que a unidade pode ser uma grande parceira do município. A parte de limpeza, manutenção e conservação de toda a cidade é feita com a mão de obra de reeducandos”, cita Ferreira de Souza, Coordenador da CRN.

MOTIM

Quando parecia que todos os conflitos de aceitação da unidade na região tinham sido superados, novos desafios surgiram. “Acredito que estávamos sendo preparados para o que tinha por vir. A missão era muito maior do que parecia”, frisa Campanhã.

Há três anos, o CPP de Jardinópolis sofreu um motim: houve fuga em massa e incêndio. “A estrutura física do prédio foi parcialmente destruída”, relata Ferreira de Souza.

SUPERAÇÃO

Campanhã lembra que, em meio ao caos, sentiu a presença de Deus. “Além de tranquilizar o meu coração, também preparou nosso caminho e nos enviou pessoas dispostas a ajudar. Funcionários e amigos de outras unidades nos auxiliaram em tudo que precisávamos”.

‘RESSURGIU DAS CINZAS’

“Como uma fênix, a unidade ressurgiu das cinzas. Foi reconstruída com a mão de obra dos próprios presos que a destruíram”, pontua o coordenador da CRN. “O exemplo de superação e resiliência do CPP de Jardinópolis culminou com o fato da unidade, hoje, ser muito melhor do que quando inaugurou”, completa .

Atualmente, o Centro de Progressão está melhor estruturado, afirma Campanhã. “Temos uma unidade prisional bonita, limpa, com belos jardins, bem arborizada e uma horta espetacular”.

TRABALHO E EDUCAÇÃO

O CPP de Jardinópolis conta, atualmente, com mais de 300 presos estudando (ensinos Fundamental e Médio) e dois fazendo faculdade à distância.

São duas escolas funcionando na unidade com dez salas de aula, além de espaço para leitura, sala de informática e biblioteca com acervo de mais de 4 mil livros.

Há, ainda, 138 internos em cursos profissionalizantes e outros 91 envolvidos em atividades complementares de educação, como leitura, poesia e cinema. São 730 reeducandos trabalhando, sendo 216 para as prefeituras de Jardinópolis, Pontal e Ribeirão Preto, além de 151 para empresas parceiras e 363 que prestam serviço na unidade.

‘QUEM QUER, FAZ’

Ferreira de Souza reforça que o CPP de Jardinópolis é um exemplo de superação e resiliência. “Todo o contexto que poderia ter sido o pior possível se transformou no melhor, pela coragem dos servidores que atuam na unidade. Quem quer, faz”, finaliza.

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