02/09/19 | Mariana Amud - Imprensa Coremetro
Projeto está presente em duas unidades prisionais da Coremetro
Durante ação semanal do projeto as participantes leem e recitam suas produções
Grupo Sarau Asas Abertas
Respeito é para quem...tem! A frase, repetida sempre que alguém tem a vez da palavra, marca presença entre os poetas participantes do Sarau Asas Abertas. Em encontros semanais, o projeto realizado pelo Coletivo Poetas do Tietê, reúne homens e mulheres das Penitenciárias “Desembargador Adriano Marrey” II, de Guarulhos, e da Feminina da Capital (PFC) para a expressão de sentimentos a partir da poesia, da música e do compartilhamento de vivências.
O projeto teve início nos estabelecimentos penais da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro) em 2015 na unidade masculina e em 2016 na feminina.
Os reeducandos são os protagonistas da ação. Cabe aos integrantes do Sarau - Jaime Queiroga, Cissa Lourenço, Paulo D’Auria, Mayara Santos e voluntários – o papel de facilitadores para que os poetas sintam confiança em apresentar suas produções.
A escuta sensível permite um trabalho baseado na pedagogia do desafio com os participantes. Semanalmente, eles levam composições autorais e saem do encontro com o estímulo de produzir outros textos.
Novas referências são sempre passadas aos participantes, para que não percam o hábito da leitura e expandam seus horizontes. Nessa seleção, os integrantes do Sarau priorizam os artistas da periferia, também conhecida como cultura marginal que, muitas vezes, dialogam com a realidade vivida por eles.
Fala que liberta
Entre palavras como força, empoderamento, recomeço e poder, os espaços onde o Sarau acontece se enchem de vida. Na PFC, as quase 50 mulheres escrevem em português, inglês e em espanhol, quebram a barreira da língua e aproximam as poetas em um sentimento comum, de liberdade.
Para M.E.G., que não sabia ler e escrever, o Sarau representa o recomeço de sua vida. Além de tê-la ajudado a tratar a depressão, também a ensinou a ter o caderno e a caneta como amigos, colocando no papel o que antes ficava só dentro de sua cabeça.
Para os 45 participantes do Sarau na penitenciária de Guarulhos, o projeto “é um encontro de seres humanos que praticam a vida”, como comenta I.S. Versos feitos na hora fazem parte das reuniões, as vezes embaladas por uma batida de violão ou um beatbox que dá o tom do rap.
Livro de poesias
Em quase quatro anos de trabalho realizado pelo projeto na PFC foram mais de mil e quinhentas poesias produzidas pelas reeducandas. A ação tem em seu objetivo o uso da arte como instrumento para promoção de autoestima, empoderamento e de conscientização de seus participantes, tendo importante papel na ressocialização.
O lançamento do livro aconteceu a partir de financiamento público do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria Municipal de Cultural (SMC). O edital também contemplou a produção e publicação de quatro revistas com poemas das reeducandas, desenvolvidas antes do lançamento do livro.
Em duas datas diferentes, uma em maio e outra em julho, autoras dos livro e membros da sociedade civil puderam ver o resultado físico do projeto. Na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, egressas do sistema prisional estiveram presentes e contaram sobre suas experiências como poetas.