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18/06/19 | Assessoria de Imprensa - SAP

Adeptos de Yoga, presos do CDP II de Pinheiros participam de aula especial

Turmas começaram a pouco mais de um ano e já tem fila de espera para a prática dos exercícios que trabalham o corpo e a mente

Ao menos 25 presos, descalços, esticaram seus tapetes de Yoga no dia 06/06, no pátio do Centro de Detenção Provisória (CDP) Pinheiros II para participarem de uma aula especial em comemoração ao Dia Internacional da Yoga, previsto para próximo dia 21. Durante duas horas, os reeducandos exercitaram corpo e mente sob o comando do mestre indiano Sanjay Kumar, que também deu orientações para ativar os centros de energia do corpo.

Desde maio do ano passado, o Governo do Estado, por meio das Secretarias da Administração Penitenciária (SAP) e de Relações Internacionais, além do Consulado Geral da Índia, seguem parceiros na realização das aulas ofertadas quinzenalmente no presídio da zona oeste da capital. Em dias chuvosos, as turmas se reúnem em uma sala na parte interna do prédio.

O evento contou com a presença do secretário-executivo da SAP, Luiz Carlos Catirse; diretora de saúde da unidade, Eliane Souza; coordenador de Unidades prisionais da Região Metropolitana, Antônio José de Almeida; diretor do CDP II, Guilherme Silveira Rodrigues e também da diretora do Centro Indiano, Puja Kaushik.

“Quem pratica Yoga diariamente, em 15 dias já nota os benefícios, tanto físicos como mentais’, afirma Sanjay, enquanto corrige a postura de alguns presos no tapete. Puja relembra, ainda, que a data é uma oportunidade para divulgar os bons resultados da prática, que é milenar. “Cento e setenta e um países celebram o Dia Internacional da Yoga”, conta. Para Luiz Carlos Catirse, o preso acaba tendo um autoconhecimento, além de evitar doenças.

Catirse acredita que o detento interessado na modalidade, poderá sair com uma ocupação lícita, de volta à família, com a mente cuidada e que não retorne ao cárcere. “As dores crônicas dos reeducandos melhoraram, assim como a insônia, asma, angústia e até mesmo o relacionamento com familiares, ou seja, essa questão emocional. Alguns aqui tomavam psicotrópicos e pararam de usar”, afirma Eliane.

TRADUÇÃO

Como o mestre Sanjay não fala a língua portuguesa, o dentista do CDP de Pinheiros II, Igor de Melo, troca o jaleco para sentar ao lado do professor e fazer a tradução simultânea aos presos. “Eu já praticava Yoga antes. Traduzir e praticar ao mesmo tempo é mais difícil”, relata ele. Ao final das aulas, o mestre, ao lado de Melo, cita frases propositivas aos detentos a fim de deixá-los mais tranquilos enquanto aguardam julgamento. Os olhos de todos, por longos instantes, permanecem fechados para o relaxamento.

Ao final dos exercícios, os presos contabilizam os resultados ao longo do último ano e já fazem sonhos fora das grades. “Saindo daqui quero ir direto para uma cachoeira e fazer a Yoga sozinho, já aprendi bem”, diz J.C, de 42 anos. “Faço tudo para esquecer qualquer tipo de problema neste momento. Eu chorava bastante e estava em depressão direto. Agora minha vida mudou bastante”, completa.

Ao lado dele, outro reeducando, de 52 anos, relata que, só de mexer o corpo, a aula vale a pena. “Eu não sou de fazer exercícios. No meu caso, só de movimentar ajuda”, afirma. Aos 28 anos e com histórico de problemas na coluna, outro detento confirma os benefícios da aula. “As dores passaram. Quando sair, vou continuar seguindo isso (Yoga)’’. Já outro presidiário admite progresso, por exemplo, em sua concentração. “O fato de sair um pouco da cela e respirar também fizeram com que eu me voluntariasse”, confessa.

A fila de espera para novas turmas, de fato, é grande. “Começamos a passar e perguntar entre os presos quem gostaria de fazer e o resultado me surpreendeu. Houve interesse”, comemora Eliane. Os agentes de segurança da unidade acompanham tudo de perto. “Notamos que uns são mais aplicados. É interessante”, cometa um servidor.

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