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16/05/19 | Pierre Cruz - Corevali

Presos participam de grupo de leitura em penitenciária de Tremembé

Grupo discute tópicos mensais sobre literatura e produzem textos em prosa e verso

Em um encontro semanal, os presos da Penitenciária “Dr. José Augusto Salgado” II de Tremembé, se reúnem em volta de uma mesa repleta de livros e xícaras de café para discutir as peculiaridades da literatura. O projeto “Café Literário” está em atividade desde 2016 no presídio e surgiu da necessidade expressa pelos sentenciados em compartilhar textos de autoria própria e apreciar suas obras favoritas.

Ao som de música ambiente, cerca de 35 reeducandos tomam seus assentos até que um soar de sinos marca o início da roda de conversa. Todos os meses, um tema diferente é escolhido para pautar o grupo, que já conversou sobre histórias de terror, literatura nordestina, mulheres escritoras e diversos outros tópicos. Em abril, a mitologia grega foi eleita para as discussões dos sentenciados e o primeiro reeducando a participar das leituras contou a lenda de Andrômeda, provocando reflexões e questionamentos nos membros do grupo.

“A dinâmica funciona com a declamação de poesias por alguns dos presentes, depois com a indicação de livros e o debate sobre algumas reportagens e acontecimentos cotidianos”, explica o preso Gil, de 36 anos, que idealizou o projeto com o detento Marcos, de 38. Marcos conta que produzia textos durante a noite e sentia a necessidade de ouvir opiniões diferentes sobre suas criações. “Conversava sobre literatura com alguns colegas, até que me falaram do Gil, que tinha os mesmos interesses que eu e propomos o grupo à direção da unidade”, afirma.

A ideia foi abraçada pelo Centro de Reintegração e Atendimento à Saúde (Cras) da penitenciária, que viu o potencial de ressocialização no “Café Literário”. Adriana Campos, diretora do Cras, ressalta que o objetivo é o de desenvolver a veia artística dos reeducandos e, assim, otimizar o processo de reintegração social. “As conversas são realmente sofisticadas com grande participação dos detentos e, as vezes, nem eu entendo dos assuntos que eles estão discutindo”, brinca Adriana.

Atualmente, a iniciativa compõe o quadro de atividades artísticas da penitenciária, que funciona de forma integrada com apresentação de filmes, montagem de peças teatrais e o recém-inaugurado Mural Cultural, que expõe os textos, charges e poesias dos presos no pavilhão habitacional. Ao final de um ciclo de um ano, os sentenciados selecionam os melhores textos produzidos em prosa e verso para a produção de um livro artesanal, que terá sua terceira edição lançada em julho, durante a Jornada de Cidadania e Empregabilidade.

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