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14/06/18 | Pierre Cruz - Corevali

Penitenciária I de Potim promove casamento coletivo

É a terceira vez que a unidade sela a união entre detentos e pessoas em liberdade; entre os noivos havia um casal LGBT

As mulheres na fila de visitantes estavam todas maquiadas, com adereços no cabelo e penteados impecáveis. Carregavam consigo uma sacola com seus vestidos de noiva, um traje de esporte fino para seus futuros maridos e uma caixinha com alianças. Estavam prontas para mudar suas vidas. A Penitenciária I “AEVP Jair Guimarães de Lima” (PI) de Potim promoveu 32 casamentos entre presos da unidade e pessoas em liberdade. A cerimônia matrimonial foi realizada no dia 29 maio, dentro do unidade prisional. Entre os casais, destaque para a formalização de um relacionamento LGBT.

Na ocasião, as noivas aguardavam os companheiros em um ambiente aromatizado com sementes de hibisco e pau de canela. Sentadas com buquê nas mãos, esperavam a sua vez de casar. Os casais eram formados um a um para receber os certificados de matrimônio e a bênção ecumênica, optativa àqueles que se interessassem.

Márcia, de 37 anos, conheceu o reeducando Luciano, de 42, quando visitava seu irmão, sentenciado na unidade. Vestida de branco e com uma tiara de flores, não parava de tremer a perna e olhar para os lados. “Estou nervosa, mas muito feliz, já temos até data para casar de novo quando ele sair em liberdade”, comemora. Rebeca, de 36 anos, acredita que o casamento traga esperança para o seu marido. “É o que falta para que ele siga em frente com firmeza”, acredita.

A formalização das uniões aconteceu previamente, nos dias 24, 25 e 29 de maio, no Cartório de Notas e Registro Civil de Potim. Para que a ação fosse possível, os detentos, que cumprem pena no regime fechado, elegeram a diretora do Centro de Reintegração e Atendimento à Saúde (Cras) da penitenciária, Karina Prates, para representá-los como procuradora no cartório.

Karina conta que percebe a importância dessa formalização no comportamento dos reeducandos. “Os sentenciados com uma parceira presente em suas vidas conseguem tocar os dias com mais tranquilidade. Eles pedem por essa oportunidade, assim como suas companheiras, que sentem a necessidade de justificar, socialmente, suas visitas na unidade”, afirma a diretora.

Diversidade

É a terceira vez que a PI de Potim realiza casamentos coletivos. Neste ano, a novidade foi a união de um casal LGBT – na região do Vale do Paraíba e Litoral, é a primeira vez que um detento formaliza união com uma mulher transexual. O apenado Alecsandro, de 37 anos, casou-se com Yasmin, de 24.

O pedido de casamento aconteceu via carta, mas foi oficializado em dia de visita. “Ele se ajoelhou na frente de todos e pediu a minha mão”, conta Yasmin. Desde então, Alecsandro anda na prisão com uma aliança de tricô vermelho para simbolizar a união.

O casal foi o primeiro a ter a união celebrada no dia 29 e foi recebido com aplausos pelos outros noivos. “Tomei a iniciativa de casar para ser um exemplo e vencer o preconceito”, afirma o reeducando. “Eu nunca me senti tão feliz, eu nem acredito no que está acontecendo”, comemora Yasmin.

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