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13/03/18 | Amanda de Oliveira - CRC

Preso compõe músicas sobre o sistema prisional

Detento quer aproveitar as oportunidades concedidas dentro do sistema prisional para sustentar a família e realizar sonho

O programa “Via Rápida Expresso”, foi um meio de descobrir um preso com um talento especial. Condenado a 30 anos de prisão, dos quais já cumpriu 15, Marcos Maciel da Silva, de 42 anos, recluso no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Hortolândia, aproveita os momentos de pintura para compor músicas de rap. Com boa conduta e envolvido em toda sorte de aprendizagem oferecida pelo sistema prisional, ele não apenas se tornou pintor, mas mecânico, marceneiro e se considera uma pessoa multitarefas.

“Eu faço de tudo um pouco e não tenho medo de serviço. Quando eu sair vou usar o que aprendi aqui para sustentar a minha família e conseguir meios de gravar o meu CD”, comenta o encarcerado. Segundo, o diretor do CPP, Joaquim Gomes da Silva, a unidade prisional tem parceria com a Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino, Tecnologia e Cultura (Fapetec), que ministra cursos do Via Rápida, cujo objetivo é oferecer curso de curta duração na área de pintura para presos do regime semiaberto, internos em regime semiaberto da Fundação Casa e trabalhadores desempregados.

A história

Filho de pais separados, Marcos Maciel fumou o primeiro cigarro aos 11 anos de idade, substituindo rapidamente pela maconha, o que o levou a abandonar a escola ainda na quarta série e praticar furtos. Aos 23 anos de idade, o detento perdeu a mãe para o câncer de mama. Foi então que passou a acreditar que a cocaína e o crack iriam preencher o vazio deixado pela morte de sua mãe. Certo dia, uma criança por quem o rapper tinha muito afeto foi estuprada. Segundo relatos de Maciel, ela tinha apenas quatro anos de idade e quando ele soube do ocorrido, deixou de ser apenas um ladrão viciado em crack, para também ser um assassino, sendo preso em 2002.

Em 2006, Maciel viu as coisas mudarem em sua vida após passar pela Penitenciária “Desembargador Adriano Marrey” de Guarulhos II. Foi a partir desse momento que o encarcerado começou a compor músicas que falam sobre o sistema e à medida que compunha, sentia Deus o transformando. Foi então que as oportunidades começaram a surgir, e ele associou-se ao grupo de soldadores de bikes, o Blenzer Lowrider, ganhando uma participação no sétimo episódio de uma série que foi transmitida pela Discovery Channel, na qual canta músicas de incentivo à juventude. A série foi gravada na Penitenciária de Guarulhos II.

Hoje o rapper faz parte do regime semiaberto no CPP, tendo permissão para trabalhar das 7h às 16h, fazendo manutenção em cerca de 160 postos de saúde na cidade de Campinas, como serralheiro e pintor. Ao retornar do trabalho ele vai à escola e planeja concluir o ensino médio. “Durmo e acordo pensando nesse presente de Deus e sigo sonhando com a minha liberdade”, finaliza Maciel.


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