16/02/12 | Jorge de Souza - Assessoria de Imprensa - SAP

Escolas de samba de São Paulo se apresentam na Penitenciária Feminina da Capital

Tom Maior e Vai-Vai levaram música e alegria para as reeducandas

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Tobias da Vai-Vai na Penitenciária Feminina da Capital

“Carnaval é cultura e uma das obrigações do Estado é proporcionar cultura e lazer aos reeducandos que cumprem pena nas unidades prisionais”. Com esta frase, a diretora da Penitenciária Feminina da Capital (PFC), em São Paulo, Ivete Barão de Azevedo Halásc, definiu o evento carnavalesco realizado na quadra da penitenciária, nesta terça-feira, 7/2. Subiram ao palco a bateria da escola de samba Tom Maior e o cantor Thobias da Vai-Vai, acompanhado por músicos da agremiação homônima.

Por cerca de três horas, presas de diversas nacionalidades – característica da unidade – se juntaram às brasileiras que cumprem pena na penitenciária e se divertiram ao som de sambas-enredo e pagode. “É um momento de interação e descontração para elas que trabalham, estudam e se dedicam às atividades cotidianas da penitenciária”, comentou Halásc. “Já que elas ainda não podem curtir o carnaval de verdade, nós trouxemos um pouquinho da folia aqui para dentro, até para que sintam como é a vida lá fora e se empenhem para alcançar a liberdade de forma digna”, disse.

O evento foi organizado pela diretoria da PFC e o funcionário da Coordenadoria dos Estabelecimentos Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (CCAP), José Francisco Santos, o Chiquinho, que convidou as atrações. “Eles [Tom Maior e Thobias] não cobraram cachê para se apresentarem”, destacou Santos. “A cantora e deputada estadual Leci Brandão também confirmou presença, mas ligou cancelando a apresentação, por conta de compromissos na Assembleia Legislativa”, justificou.

Escola debutante

A escola de samba Tom Maior nunca havia se apresentado em uma penitenciária e era perceptível o entusiasmo dos componentes da bateria durante seu primeiro show. “Quando dissemos que tocaríamos na prisão e que somente poucos integrantes poderiam participar, houve mais músicos querendo vir, do que o permitido pela direção da penitenciária”, contou o diretor do Conselho de Administração da escola, Hernani Marciel. “Nós estamos encantados com a receptividade e o respeito que tivemos dos funcionários e das presas”, destacou.

Enquanto aguardava a hora de se apresentar, Thobias observava a movimentação e a empolgação das reeducandas que acompanhavam a bateria da Tom Maior. Ele falou da responsabilidade de conquistar o bi-campeonato neste ano, pois a Vai-Vai foi a campeã do carnaval paulista em 2011. “A escola vem com tudo acertado para conquistar o bi. Está tudo certinho e não vamos facilitar, porque sabemos que vai ser difícil (para os adversários)”, brincou.

Quanto a se apresentar mais uma vez em uma penitenciária, Thobias lembrou que faz isso há 30 anos e que nunca deixou de atender a um pedido do amigo Chiquinho. “Isso já vem desde a década de 1980, quando o Luizão* era diretor da Casa de Detenção e até hoje, sempre abro um espaço na agenda para esse tipo de apresentação. Mesmo quando eu era presidente da escola, sempre arrumei tempo para fazer shows em presídios, não só da capital, mas também no interior do Estado”, lembrou o sambista. “Tenho consciência de que trago um pouco de alegria para as presos e sempre que for convidado estarei aqui para amenizar um pouco esse sofrimento e trazer um pouco de luz e esperança, porque esse contato é muito bom para elas e para mim também”.

A reeducanda Sandra Angeline assistia de longe as apresentações, ainda assim acompanhava com muito entusiasmo. Nascida na Itália e presa na PFC há pouco mais de cinco anos, ela não podia sair de seu local de trabalho – a escola da unidade prisional – onde é uma das monitoras. “Eu nasci na semana do carnaval [26/2], na Itália; minha avó era brasileira de Minas Gerais, portanto não tem como não gostar de carnaval”, revela Angeline. “Esse tipo de evento nos dá muita força, energia e esperança, pois as pessoas de fora fazem a gente se sentir mais livre. Isso nos ajuda a encontrar nossa liberdade interior e a nos preparar para a verdadeira liberdade, que é a que tanto aguardamos e queremos”, diz. “Eu amo o carnaval e pretendo morar aqui no Brasil, quando conquistar minha liberdade”.

No final da festa, a simplicidade do cantor Thobias ficou evidente, quando ele desceu do palco e se juntou às reeducandas, na quadra, para sambar junto com elas. Foi muito aplaudido.

•  Luizão: Luiz Camargo Wolfmann é autor do livro Portal do Inferno – Mas Há Esperança - L. Wolfmann - Editora: WVC EDITORA - Ano de Edição: 2001.

Foi diretor da extinta Casa de Detenção Professor Flamíio Fávero (Carandiru), entre os anos de 1980 e 1986.

Recentemente a SAP o homenageou, dando seu nome à Escola de Administração Penitenciária (EAP).