06/09/17 | Amanda de Oliveira - CRC
Os irmãos animaram a tarde das detentas e falaram sobre o recomeço da dupla
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A tarde no Centro de Ressocialização Feminina de Piracicaba foi pra lá de animada no dia 23 de agosto. A euforia, romantismo e emoção teve um motivo especial: a presença surpresa da dupla sertaneja Edson & Hudson a convite do juiz corregedor do Departamento Estadual de Execuções Criminais (Deecrim), Luiz Augusto Barrichello Neto, para se apresentar gratuitamente na unidade prisional e garantir a alegria das presas.
De acordo com Barrichello, que vem desenvolvendo um trabalho em conjunto com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) para impulsionar a reinserção social dos detentos, a mulher é mais fácil de ressocializar e cerca de 90% das encarceradas são ligadas ao tráfico incentivadas pelos companheiros.
“Essa ação foi motivada para que as reeducandas sintam-se inseridas no meio social, cultural, e sintam-se em nível de igualdade, uma vez que muitas delas ao se tornarem encarceradas são abandonadas pelos companheiros. Sabemos que a mulher necessita de um cuidado especial, de valorização. Por isso a lei e a SAP estão empenhadas em dar mais estrutura para o sexo feminino”, diz o magistrado.
A dupla se apresentou de maneira descontraída e sem equipamentos eletrônicos, provando para a plateia que o dom musical é nato. No repertório estavam sucessos como “Foi Deus”, “Te quero pra mim”, “Saudade da terra”, e “Azul”. Os famosos atenderam pedidos das fãs e Edson, que estava fazendo aniversário, foi além da música ao tirar R.F.S., de 39 anos para dançar. A detenta não conteve as lágrimas e disse que jamais imaginaria ser escolhida pelo Edson para uma dança. “Ele disse no meu ouvido que eu vou sair daqui, e eu acredito muito nisso”, contou em lágrimas.
A apresentação durou duas horas e foi uma tarde inesquecível para as reeducandas que passaram horas ouvindo música sertaneja. A emoção tomou contas dos momentos mágicos, pois a maioria delas não teriam oportunidade de conhecê-los pessoalmente.
Indagados sobre como era cantar para um público diferenciado, Hudson respondeu que já estão acostumados a fazerem essas apresentações e relembrou um show que fizeram no Centro de Ressocialização de Limeira, em 2016. Já Edson, ressaltou que era satisfatório para eles conhecerem o ambiente e fazer um show intimista.
Ao todo, 133 presas prestigiaram os artistas, além do corpo funcional da unidade prisional. Para a diretora do CR, Celeste Abamonte, é uma satisfação fazer um evento desse tipo e poder ver nos olhos de todos, a alegria de prestigiar um lazer assim. “É a primeira vez que vem uma dupla sertaneja aqui. Não há salário que pague poder contribuir com a realização das pessoas”, diz a diretora.
A.G.S., de 35 anos e fã de carteirinha da dupla, jamais imaginou que teria a oportunidades de abraçar os cantores e cantar com eles. “Sou fã deles e conheço todas as músicas. Graças a Deus e a dona Celeste, hoje eu tive a oportunidade de realizar um sonho. Se eu morrer hoje, morro feliz” brinca a detenta.
No final as mulheres homenagearam os sertanejos interpretando a música gospel ‘Raridade’, do artista, Anderson Freire. Os cantores, visivelmente emocionados relembraram a situação difícil que viveram com a prisão de Hudson, que em tom de brincadeira disse que também teve que cortar o cabelinho. Ambos deixaram uma mensagem de superação para as ouvintes.
A carreira
Os irmãos Edson e Hudson cantam desde criança, se apresentando em praças públicas e bares. Ao todo são 35 anos no mundo da música, mas 22 de carreira fonográfica. Após uma série de eventos que envolveram a prisão do músico Hudson, motivada por drogas e porte ilegal de armas, a dupla chegou ao fim em 2009. Depois de seguirem em projetos diferentes (Edson continuou no sertanejo, e Hudson como guitarrista em sua banda de rock), os irmãos, para a alegria dos fãs, decidiram voltar aos palcos do mundo sertanejo em 2011. Recentemente gravaram um DVD ao vivo em Goiânia, onde cantaram a música faixa-título “Eu e você”, além de embalarem grandes sucessos como “Azul” e aproveitaram para cantar alguns hits que não chegaram a ser gravadas como “A força da paixão”, “Porta retrato” e “Mil razões para chorar”. A gravação contou com a participação especial de Luan Santana, Jorge & Matheus, Luana Prado e Fernando Zor (parceiro de Sorocaba).
