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30/08/17 | Sonia Pestana – Coremetro

Luta contra o câncer move projeto de artesanato em CDP

Desde 2012 grupo de reeducandos confeccionam peças artesanais em apoio à Casa Maria Helena Paulina, que atende crianças com câncer

Movidos por amor e compaixão, há cinco anos os reeducandos do Centro de Detenção Provisória “ASP Willians Nogueira Benjamin”, de Pinheiros II, unem criatividade e empenho na confecção de inúmeras peças artesanais em apoio à Casa Maria Helena Paulina, que assiste crianças com câncer. Há mais de 15 anos, a instituição dá apoio prático aos pacientes que buscam tratamento especializado na cidade de São Paulo. No dia 4 de agosto, a unidade prisional abriu suas portas para receber voluntários e familiares numa cerimônia carregada de emoção.

Vindas de muitas regiões do Brasil, como também de alguns países do Mercosul, os pacientes da instituição recebem hospedagem completa durante dias ou meses de tratamento. Contando com donativos, a entidade possui parceiros de longa data, a exemplo de empresários da região do bairro do Butantan, servidores do CDP de Pinheiros II e também os reeducandos da unidade prisional.

Trabalho em equipe

No CDP, desde 2012 o projeto “O Despertar de um Sorriso” promove ações de confecção de peças artesanais feitas em crochê, como bolsas e tapetes, bichos de pelúcia e maquetes de casas feitas a partir de palitos de sorvete. Muitos dos itens utilizados na produção das peças vêm de materiais descartáveis cedidos por servidores da unidade e familiares dos reclusos.

Atualmente, o projeto envolve mais de 800 reeducandos do CDP de Pinheiros II que, de forma direta ou indireta, fazem parte dessa corrente do bem. Segundo sua disposição e criatividade, os reeducandos participam das várias etapas do processo, que vai da seleção e preparo de materiais descartáveis até a criação de peças artesanais.

Prazer em ajudar

Em 2016 foram produzidas mais de 600 peças para doação à Casa Maria Helena Paulina. Para este ano, no entanto, voluntários e familiares das crianças com câncer fizeram questão de visitar a unidade prisional e conhecer pessoalmente os artesãos e ouvir um pouco de suas histórias de vida.

Para a cerimônia de entrega dos itens, os reeducandos trabalharam em total união. De um lado, uma equipe se ocupou da decoração do local, montando um enorme coração com balões infláveis vermelhos, outros se empenharam na limpeza, enquanto o grupo musical “Renascer Tom” ensaiava as melodias especialmente criadas para a ocasião.

Dentre elas, o refrão “o câncer não é maior que você, não é maior que nós, eu não desisto, não, a cura vem do bem...” emocionou a todos os presentes. A diretora de saúde do CDP, Eliana de Souza, disse que, nesse dia, todos eram coadjuvantes na história e que os personagens principais eram as pessoas que estavam envolvidas diretamente com crianças e adolescentes com câncer.

Segundo Ernani Mangelo Izzo, servidor da unidade, havia muito o que se falar sobre os trabalhos feitos pelos reeducandos, mas que faltavam palavras. “Nesses 25 anos de sistema, nunca vi uma ação como esta, cheia de emoção”, destacou.

Igual sentimento também foi compartilhado pelos reclusos. Em nome de todos os envolvidos, o recluso L.L.S. parafraseou Benjamin Franklin, declarando que “quando somos bons para os outros, somos ainda melhores para nós”.

Para o reeducando C.L., que desde 2015 faz parte do projeto, esse trabalho gera uma enorme felicidade interna, principalmente porque sabe que são as crianças as principais beneficiadas. Da mesma forma, E.D.S. revelou que procura ajudar de qualquer forma na ação “O Despertar de um Sorriso”, salientando que não são só as crianças que saem ganhando, mas também todos os voluntários. E A.S.B.P. declarou que há um prazer imenso em fazer o bem. “Em cada benfeitoria que faço, vejo como uma forma de compensar o que fiz de errado lá fora”, desabafou o recluso.

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