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19/07/17 | Caio Daniel – Interlocutor CRN

Do cárcere ao palco: reeducandas apresentam peça teatral em Ribeirão Preto

Projeto Teatro em Presídio transforma vida de homens e mulheres privados de liberdade através da arte

O salão do Teatro Santarosa, em Ribeirão Preto, ficou lotado na tarde do dia 30/06. Isto porque, sete reeducandas da Penitenciária Feminina apresentaram a peça “Mas que vejo eu aí... Que quadro d’amarguras!”. O enredo é fruto da campanha #EuEmpregadaDoméstica – Nossa Voz Ecoa, lançada em rede social, que narra histórias reais de empregadas domésticas que vivenciaram situações de discriminação no trabalho.

Essa foi a primeira vez que o grupo “Mulheres de Antenas” - formado por presas do regime semiaberto – fez apresentação fora da penitenciária. Elas fazem parte do projeto Teatro em Presídio, criado e coordenado pelo professor de artes cênicas Magno Bucci, que busca desenvolver integração e sensibilidade artística das participantes. “Trazer as reeducandas para o palco é concretizar 11 anos de trabalho ali na penitenciária. É dessa forma que as aproximamos da sociedade, promovendo a inserção social”, discursou Bucci antes da apresentação.

O público formado por sociedade civil, representantes de entidades e imprensa, assistiu à apresentação que durou cerca de 40 minutos. “É maravilhoso ver essas mulheres atuando. Elas foram muito bem e tenho certeza de que muitas delas, depois que saírem do cárcere, continuarão na arte”, comentou uma das espectadoras.

“Eu era muito tímida e meu sonho sempre foi ser professora. Participar das oficinas de teatro nos ajudou a deixar a timidez de lado; nós aprendemos a falar em público - isso é muito bom para mim, que quero ser professora”, confessou uma das atrizes antes de participar do projeto.

Para a diretora da Penitenciária, Juliana Santiago, projetos culturais como este contribuem de forma expressiva para transformar a vida das reeducandas. “Trazer o teatro e rodas de discussão para penitenciária contribui para valorização delas [reeducandas] que, apesar de estarem temporariamente privadas de liberdade, não ficam impedidas de permanecerem antenadas e atentas ao que acontece além dos muros da instituição penal. Acredito que a arte é capaz de entrar na alma, na sensibilidade do ser humano e pode promover mudanças”.

“Nem tudo é o que parece”

Na Penitenciária I de Serra Azul, sentenciados que cumprem regime fechado também apresentaram um espetáculo teatral. O evento ocorreu em 18/05 no interior do presídio e serviu para comemorar os 10 anos da atuação do professor Bucci na unidade prisional. A peça “Nem tudo é o que parece” contou as frustrações e expectativas diante da situação socioeconômica e política do país.

Ao final da apresentação, os atores e servidores da unidade prisional fizeram homenagem ao teatrólogo presenteando-o com um quadro que conta a trajetória do projeto na penitenciária.

As atividades, promovidas pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), contaram com apoio da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap), Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), instituições religiosas e Teatro Santarosa.

aasassa
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